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Holanda publica relatório definitivo sobre a catástrofe do voo MH17

Conselho para Segurança Nacional atribui o desastre a um míssil Buk, de fabricação russa

Reconstrução do MH17.Foto: reuters_live | Vídeo: R. V. LONKHUIJSEN (EFE) / VÍDEO (REUTERS)
Isabel Ferrer

O Conselho para a Segurança Nacional da Holanda apresenta nesta terça-feira o relatório técnico definitivo sobre a catástrofe do voo MH17 da Malaysia Airlines, que matou 298 pessoas em 17 de julho de 2014. O aparelho cobria a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur e caiu na região de Donetsk, na Ucrânia. Os familiares das vítimas –196 de nacionalidade holandesa– esperam finalmente saber o que aconteceu, mas como a investigação penal está ainda nas mãos da Procuradoria Geral do Estado, o Conselho se absterá de apontar culpados. O relatório procura responder a quatro perguntas fundamentais: O que causou o desastre? Por que o aparelho da Malaysia Airlines sobrevoou o espaço aéreo da Ucrânia, em pleno conflito armado? Por que demoraram dois dias para publicar a lista completa de passageiros? E, por último, alguém pôde perceber o que tinha acontecido?

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Apesar de as conclusões não entrarem no terreno criminal, as últimas declarações de Evert van Zijtveld, vice-presidente da Fundação das Vítimas do MH17, são reveladoras: “Foram explodidos no ar, isso é fato. Embora para os familiares seja indiferente que tipo de míssil foi disparado, é preciso saber se foi ou não um Buk”, afirmou à televisão nacional (NOS). Há apenas uma semana, a equipe penal admitiu que “o mais plausível é que o MH17 tenha sido derrubado por um míssil de tipo Buk”. Fragmentos desse sistema antiaéreo foram encontrados nos corpos das vítimas. E os danos sofridos pela fuselagem o comprovam. O que os investigadores não podem afirmar ainda, com toda certeza, “é se o Boeing 777 de passageiros foi atingido de propósito, ou se se tratou de um erro”. Ou seja, se os responsáveis acreditavam ter atacado uma aeronave militar.

O Buk é uma arma de fabricação russa concebida para interceptar mísseis de cruzeiro, bombas inteligentes e aviões. Tanto a Ucrânia como a Rússia continuam trocando acusações sobre o ocorrido e afirmam que o disparo foi feito por tropas do lado contrário (rebeldes separatistas no lado russo). Depois de atribuir o desastre a “um complô da CIA”, e depois a “um jato militar ucraniano que disparou contra a aeronave civil”, Moscou atribuiu os fatos às tropas ucranianas em uma operação pensada para jogar a culpa no Kremlin”. Para tentar demonstrar isso, a empresa Almaz Antey, fabricante do míssil, apresentará também nesta terça-feira os resultados de sua própria investigação.

Depois de simular um impacto similar ao sofrido pelo MH17, os peritos da Almaz provavelmente vão descartar qualquer implicação porque o modelo em questão já não figura em seu arsenal militar. Em julho, Moscou vetou no Conselho de Segurança das Nações Unidas a criação de um tribunal especial para julgar os responsáveis pela matança. A única instância que poderia se ocupar do caso é o Tribunal Penal Internacional, mas, para isso, precisa receber o encargo explícito da própria ONU.

Durante o último ano, os especialistas do Conselho para a Segurança Nacional da Holanda reconstruíram o que foi possível do avião com os pedaços de carcaça recuperados na Ucrânia. A cabine do piloto e parte da primeira classe serão mostradas esta manhã na base militar de Gilze-Rijen (sul do país). Para os familiares, será uma visão difícil de suportar porque durante os trabalhos se soube que pelo menos um dos cadáveres estava com a máscara de oxigênio. Todos perderam os sentidos no momento em que avião recebeu o impacto do projétil, ou alguém conseguiu ver que o aparelho perdia altitude vertiginosamente?

Essas perguntas são essenciais para os familiares, que esperaram até quatro dias para receber a confirmação oficial da morte de seus entes queridos. Embora a maioria dos restos humanos tenha sido levada para a Holanda no verão passado, em setembro mais alguns foram encontrados em Kharkov (leste de Ucrânia). A repatriação seguiu o mesmo protocolo de honra dispensado às vítimas desde o início dos trabalhos de levantamento dos cadáveres, há 15 meses.

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