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União Europeia envia o primeiro grupo de refugiados de Roma à Suécia

Trata-se de um grupo de 19 eritreus que servirá de modelo para os processos de acolhida

O ministro do Interior italiano (centro) e o ministro das Relações Exteriores luxemburguês com o grupo de refugiados eritreus, na sexta-feira em Roma.
O ministro do Interior italiano (centro) e o ministro das Relações Exteriores luxemburguês com o grupo de refugiados eritreus, na sexta-feira em Roma.ANDREAS SOLARO (AFP)

“Estou feliz por ir a um país livre e democrático”, disse no aeroporto romano de Ciampino um dos jovens 19 eritreus –14 homens e cinco mulheres– que às 9h45 (5h45 de Brasília) embarcaram em um avião da Guardia di Finanza (polícia especial italiana) com destino à Suécia. É o primeiro grupo dos 160.000 refugiados que nos próximos meses serão recebidos por diversos países da União Europeia (UE). Segundo o ministro italiano do Interior, Angelino Alfano, outra centena de imigrantes partirá da Itália nos próximos dias. “Que ninguém espere grandes voos carregados de pessoas que lembrariam outras épocas tristes da história”.

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A UE quis deixar registrado no aeroporto de Roma que o dispositivo para realocar os refugiados já está em marcha e funciona. De modo que o ministro Alfano teve a companhia de Dimitris Avramopoulos, comissário europeu de Imigração, Interior e Cidadania, e de Jean Asselborn, ministro de Assuntos Exteriores de Luxemburgo, país que tem a presidência rotativa do Conselho da União Europeia. Avramopoulos destacou o “valor simbólico” da partida do grupo de eritreus: “Estamos no início de um processo, e essa é a demonstração de que uma colaboração solidária entre Estados é possível”.

Após ver a partida do grupo de eritreus –que receberam identificação na Itália e cuja solicitação de asilo será tramitada quando chegarem à Suécia–, Avramopoulos e os dois ministros irão primeiro à ilha de Lampedusa, onde supervisionarão o funcionamento do centro de registro e identificação de refugiados lá instalado, e depois a Atenas. Irão se reunir na Grécia com o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, para impulsionar o mecanismo de acolhida, registro e realocação dos refugiados por toda a Europa.

A saída de Roma dos primeiros 19 refugiados eritreus é, segundo Dimitris Avramopoulos, “um dia histórico para a Europa”, e agradeceu a Luxemburgo –que possui a presidência rotativa do Conselho da União Europeia– por sua “rapidez” em iniciar o sistema de divisão dos refugiados e à Suécia por sua disposição em “liderar” a primeira realocação de refugiados. “Hoje estamos mostrando solidariedade”, acrescentou o comissário europeu, “mas precisamos também mostrar responsabilidade”, e pediu tanto à Itália como à Grécia que acelerem a mobilização de suas equipes nos centros de registro e identificação.

A Itália já estabeleceu centros de identificação em cinco “pontos críticos” –Lampedusa, Augusta, Trapani, Pozzallo e Porto Empedocle– de pessoas provenientes dos quatro países –Síria, Iraque, Eritreia e República Centro-Africana– que, a princípio, têm direito a solicitar refúgio. É um processo difícil e delicado, uma vez que dele dependem os destinos de milhares de pessoas. Os funcionários da Frontex, Europol, Acnur e Easo deverão distinguir os “refugiados políticos” dos “imigrantes econômicos”. Os primeiros terão direito ao estatuto de refugiado. Os segundos enfrentarão um processo de expulsão.

Durante a segunda fase, as autoridades italianas elaborarão um relatório detalhado de cada refugiado, no qual além da nacionalidade, idioma e nível de formação, será acrescentado um exaustivo exame médico para descartar doenças infecciosas. As autoridades italianas presentes na reunião de quarta-feira afirmaram que, de nenhuma forma, os países receptores terão direito a um segundo exame médico.

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