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Jogos Olímpicos do Rio vão cortar 10% dos gastos por causa da crise

Patrocinadores privados do evento estudam formas de equilibrar o orçamento

María Martín
Evento-teste de triatlo em Copacabana.
Evento-teste de triatlo em Copacabana.alex ferro (rio 2016)

A crise econômica do Brasil, oficialmente em recessão desde agosto, chegou ao Comitê Rio-2016. Os gastos previstos para a organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro sofrerão cortes de 10% para evitar um déficit orçamentário. Os ajustes, a dez meses das Olimpíadas, por enquanto só afetam os recursos privados, a maioria oriundos de patrocinadores, sem incluir investimentos em infraestrutura ou segurança.

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Outro dos motivos para apertar o cinto é, segundo Mario Andrada, diretor de comunicações do Comitê, evitar que se repitam protestos contra o esbanjamento, como já ocorreu durante a Copa do Mundo de 2014 em várias cidades brasileiras – e ainda mais em época de vacas magras. A organização dos Jogos no Rio conta com o apoio da maioria da população, mas o aumento do desemprego e da inflação, a corrupção e a desvalorização do real preocupam os brasileiros. “As pessoas se irritam com o luxo e os excessos. Temos que apertar o cinto”, disse Andrada.

O objetivo da organização é reduzir os gastos em 10% para que de forma alguma superem os 7,4 bilhões de reais orçados. Haverá cortes supérfluos, como o número de impressões de documentos e o material das estruturas que ficam nos bastidores, mas também haverá um corte de 70.000 para 60.000 no número de voluntários e, consequentemente, nos gastos com alimentação, uniformes e transporte desse contingente. Além disso, haverá ajustes no orçamento da cerimônia de abertura. Os gestores, que estão analisando a situação de cada departamento para identificar itens passíveis de cortes, não descartam que em algumas áreas a redução chegue a 30%. “A época de esbanjar acabou. Precisamos organizar Jogos economicamente sustentáveis e sermos criativos na forma de concretizar esses cortes”, disse Andrada à Reuters.

O anúncio coincide precisamente com outro, do Governo Federal, revogando um artigo de uma lei de 2009 que o obrigava a destinar recursos para cobrir os déficits operacionais do Comitê Rio-2016. A decisão ocorre pouco depois de a presidenta Dilma Rousseff anunciar, na semana passada, um conjunto de medidas para reduzir os gastos públicos em aproximadamente 26 bilhões de reais e equilibrar as contas públicas. Segundo o Comitê, trata-se de uma “total coincidência”, que não terá efeito algum sobre a organização dos Jogos. “Não afetará em nada, porque o ajuste busca precisamente fecharmos no azul”, disse um assessor ao EL PAÍS.

As contas do Comitê Rio-2016 foram questionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público, que exigiram mais transparência. A origem privada dos recursos serviu até agora como justificativa para não divulgar, nem ao Governo federal, detalhes do orçamento e dos investimentos.

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