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Alckmin corre para inaugurar obra que pretende evitar rodízio de água

Sabesp dá início a transposição de água do Rio Grande ao Alto Tietê contra crise hídrica

Felipe Betim
Alckmin em uma das obras do Alto Tietê.
Alckmin em uma das obras do Alto Tietê.Dudu Amorim

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o Governo estadual anunciaram nesta quarta-feira a inauguração das obras que interligam o braço limpo da represa Billings (sistema Rio Grande) à represa Taiaçupeba (sistema Alto Tietê). O objetivo é que o Alto Tietê possa assumir o abastecimento de regiões socorridas pelo Cantareira, que atende 5,2 milhões de pessoas e opera no volume morto há mais de um ano. A obra é a principal aposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para evitar o rodízio na região metropolitana e amenizar a crise hídrica na Grande São Paulo, que vem deixando milhares de pessoas, especialmente as que vivem na periferia, sem água durante o dia.

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No entanto, a inauguração da obra chegou a ser adiada duas vezes pelo Executivo paulista, que inicialmente prometeu o início de seu funcionamento para maio, depois para setembro e logo para outubro. Na manhã desta quarta, a Sabesp chegou a informar que, pela terceira vez, a obra teria que ser adiada. "Durante o processo de carregamento da tubulação foi detectado um vazamento em uma junta submersa. Mergulhadores estão no local trabalhando para solucionar a questão", disse a nota enviada à imprensa. Na verdade, conforme confirmou a própria Sabesp depois, foram registrados dois vazamentos.

Quando o relógio se aproximava das 15h, uma Sabesp aliviada informava que, às 16h deste mesmo dia, a interligação entre os sistemas Rio Grande e Alto Tietê finalmente seria inaugurada, com a presença de Alckmin e do presidente da companhia, Jerson Kelman. O projeto foi orçado em 130 milhões de reais e se espera que transfira, ao longo de 22 quilômetros de tubulações, 4.000 litros de água por segundo da região do ABC até Suzano, na Grande São Paulo. São 80 metros de desnível até chegar ao manancial do Alto Tietê.

Kelman insistiu reiteradas vezes que se tratava de uma "obra simples", sem "nenhuma dificuldade técnica". Questionado pelo EL PAÍS em maio sobre a possibilidade de que o projeto se atrasasse ainda mais, foi taxativo: “Bem, se tiver um terremoto em São Paulo, as coisas vão ficar graves. Não há nenhuma razão para achar que vai ter um terremoto e não há nenhuma razão para achar que vai haver um novo atraso e ficar preocupados com isso”. No entanto, quando anunciou em julho o segundo atraso do projeto, a Sabesp argumentou que se tratava de uma "obra de grande porte que demandou autorizações da Petrobras [que possui infraestrutura na região] na parte terrestre e licenças ambientais para que tivesse início".

Dessa vez o projeto foi finalmente inaugurado e, segundo confirmou a Sabesp ao EL PAÍS, a transposição de água já se encontra em operação, apesar dos problemas técnicos anunciados mais cedo. De qualquer forma, sua real eficácia ainda gera dúvidas. Segundo publicou o jornal O Estado de São Paulo no último dia 25, a Sabesp confirmou a possibilidade de suspensão da transposição para o Alto Tietê dependendo do nível de contaminação do reservatório de Billings por cianobactérias (algas). Segundo um monitoramento em agosto, a presença das algas extrapola os limites definidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente em sete dos nove pontos de coleta. Ainda assim, a Sabesp assegurou que a "eventual" interrupção do bombeamento "não vai interferir na produção de água".

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