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Os pontos-chave para entender o escândalo da Volkswagen

A maior montadora do mundo enfrenta a pior crise de sua história

Álvaro Sánchez
Visitantes do salão do automóvel de Frankfurt no estande da Volkswagen.
Visitantes do salão do automóvel de Frankfurt no estande da Volkswagen.Hannelore Foerster (Getty Images)

A Volkswagen enfrenta a pior crise de sua história recente. O maior fabricante de carros do mundo reconhece que instalou um software para driblar controles ambientais em 11 milhões de veículos a diesel no mundo todo. Estas são algumas chaves do escândalo que atingiu a imagem do gigante automobilístico alemão:

Agência ambiental norte-americana (EPA) acusa a Volkswagen na sexta-feira passada de instalar, de forma deliberada, um programa desenhado para evitar os limites às emissões em 482.000 veículos dos EUA. O programa detecta o momento em que o veículo é submetido a uma prova e reduz a emissão de gases poluentes só nesse momento. Uma vez em circulação, os carros chegavam a emitir óxidos de nitrogênio numa quantidade até 40 vezes maior que a permitida nos EUA.

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O impacto econômico para a empresa é estimado inicialmente em um máximo de 18 bilhões de dólares (72 bilhões de reais), resultado de uma multa máxima de 37.500 dólares (150.000 reais) por veículo, embora a aplicação de uma sanção dessas proporções seja pouco provável, segundo os analistas. As ações do grupo caíram 18,6% no pior dia da Bolsa de sua história.

Volkswagen reconhece o erro e suspende a comercialização. A montadora admitiu que instalou o programa após a acusação da EPA. “Lamento profundamente ter decepcionado nossos clientes e a opinião pública”, disse o agora questionado presidente da empresa, Martin Winterkorn. O chefe da Volkswagen nos EUA foi mais direto: “Ferramos tudo”, declarou após admitir a fraude. A empresa deixou de vender os veículos diesel das marcas Volkswagen e Audi nos EUA.

Alemanha abre investigação. O Ministério do Meio Ambiente alemão anuncia uma reunião com o presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, e diz que espera que a empresa coopere também com as autoridades norte-americanas. O Ministério pede mais informações tanto para a Volkswagen como para outras montadoras alemãs, embora esclareça que não há indícios de que outras empresas tenham manipulado os testes de emissões poluentes.

O escândalo se torna mundial. A Volkswagen destina 6,5 bilhões de euros (cerca de 28,6 bilhões de reais) para conter a crise, revisa suas metas financeiras para 2015 e reconhece num comunicado que instalou o programa em 11 milhões de veículos a diesel em todo o mundo, mas afirma que o dispositivo não foi ativado na maioria dos casos.

Governos reagem. As investigações dos Governos da Alemanha e dos EUA somam-se às da Coreia do Sul, Itália e França. Esta última pede uma investigação em escala europeia que inclua as montadoras francesas. O Reino Unido se une à iniciativa através de um comunicado do secretário de Transportes, Patrick McLoughin, pedindo à Comissão Europeia que investigue. A Comissão Europeia afirma que “é preciso chegar ao fundo da questão” mas que “é prematuro estabelecer medidas de vigilância imediatas.”

Jornal alemão afirma que Winterkorn será substituído nesta sexta. O Der Tagesspiegel informa que Martin Winterkorn será substituído na sexta-feira pelo atual chefe da Porsche, Mathias Müller. Um porta-voz da Volkswagen desmente a informação.

Merkel exige transparência total. A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, pede que “todos os fatos sejam postos sobre a mesa o mais breve possível” e explica que o ministro do Transporte, Alexander Dobrindt, mantém “estreitos contatos” com a Volkswagen. As ações da empresa voltam a registrar perdas próximas de 20% no meio da sessão desta terça-feira.

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