_
_
_
_
_

Botão “não curti” no Facebook não vai ser como você imagina

Servirá para mostrar seu apoio em situações e momentos negativos, não para discutir

Jaime Rubio Hancock
Getty Images

Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, respondeu na terça-feira as perguntas de usuários da rede social. A primeira se referia a um pedido que acompanha a empresa há anos: um botão “não curti”.

Mais informações
Facebook, o grande mercado dos traficantes de seres humanos
Facebook incluirá botão “não curti”
Um ‘baby shower’ surpresa para Mark Zuckerberg e sua esposa
A executiva que quer mais chefas

Segundo admitiu Zuckerberg, há muito tempo os usuários pedem essa funcionalidade. “Hoje é um dia especial porque podemos dizer que estamos trabalhando nisso e estamos muito perto de fazer um primeiro teste”.

Claro, o botão não vai servir para que você possa manifestar sua oposição às frases de Paulo Coelho. “Não queremos transformar o Facebook em um fórum no qual as pessoas possam votar a favor ou contra as atualizações dos outros — explicou Zuckerberg. Isto não ajudaria a construir o tipo de comunidade que queremos criar. Você não ia querer passar pelo processo de compartilhar um momento que foi importante para você em seu dia e ver como alguém dá votos negativos àquilo”.

Ou seja, não se trata de fazer as pessoas se sentirem mal ou encher o Facebook de discussões polarizadas. A ideia de Zuckerberg é procurar maneiras de expressar sua empatia com experiências nas quais um ‘curtir’ não seria a resposta adequada. “Nem todos os momentos são bons – explicou Zuckerberg –, e se você está compartilhando algo triste, seja de atualidade, como a crise dos refugiados, ou a morte de um membro da família, talvez não se sinta confortável com um ‘curtir’. Então, acho que é importante dar às pessoas mais opções”.

Ainda não se conhecem os detalhes, mas muito provavelmente esse botão não será um polegar para baixo: o The New York Times afirmou que já em dezembro Zuckerberg disse a um grupo de usuários que a empresa não tinha encontrado a maneira de adicionar este botão de forma que resultasse em uma ação positiva e não negativa. Isto é, uma maneira de mostrar seu apoio a um amigo que perdeu o emprego, por exemplo, um “não curto o que você está me contando”. Não é estranho que o Facebook esteja demorando tanto: não se trata de um sentimento fácil de expressar apenas com um ícone ou um par de palavras.

Não curto o seu “não curti”

Costuma-se afirmar que outra razão pela qual o Facebook tem resistido a este botão é a publicidade. As marcas não gostariam que alguém pudesse dar votos negativos a suas ofertas e produtos.

No entanto, este impacto negativo também foi descartado no Quora por Tom Whitnah, outro engenheiro do Facebook, já em 2012: “Há muitas razões pelas quais quase ninguém no Facebook quer este botão, mas nunca ouvi nenhuma conversa sobre o seu impacto nos anunciantes e tudo o que li sobre a sua influência nesta decisão está tão longe da verdade como se pode imaginar. A decisão sempre teve como base o impacto negativo que esta dinâmica teria na experiência dos usuários”.

Whitnah escreve que, embora muitos desejassem um botão “não curti”, quase ninguém acharia bom vê-lo usado em suas próprias fotos e atualizações. Além disso, este botão não só aumentaria o nível de negatividade, também faria com que muita gente compartilhasse menos conteúdo.

O botão legal

O botão “curti” foi lançado em 9 de fevereiro de 2009. E quase desde o primeiro momento os usuários pediram o botão de não curti, como é possível ver fazendo uma busca rápida. Também foram propostas paródias, como a do grupo que pedia para substituir o botão “curti” pelo de “minha alma ama isso”.

Como explicou no Quora o diretor de engenharia do Facebook, Andrew Bosworth, a empresa trabalhou durante um ano e meio no botão “curti”. Foi avaliada a opção de dar uma estrela, o sinal de soma e o polegar para cima.

Também foi discutido como chamar essa funcionalidade. A primeira opção foi “awesome” (legal), mas foi reduzida para “like” por ser mais universal. Na verdade, até aquele momento só era possível se tornar “fã” de páginas nessa rede social, o que também era mais comprometido do que apenas “curtir”. É possível gostar de um detergente, mas não o suficiente para ser fã.

O próprio Zuckerberg não tinha certeza se este botão iria funcionar ou não: havia dúvidas, por exemplo, sobre se muitas pessoas iam se conformar com um “curtir” em vez de compartilhar conteúdo. No entanto, os primeiros testes mostraram que o botão aumentava as interações, especialmente os comentários.

O que está claro é que desde o início foi descartada a possibilidade de um “não curti”. Por exemplo, o principal inconveniente que viam de dar uma estrela era que parecia uma crítica negativa. De fato, em seu anúncio da nova funcionalidade, o Facebook comparava o botão de “curtir” com uma crítica de um restaurante no qual um “like” era uma classificação de cinco estrelas e um comentário, a crítica completa.

Seguindo a comparação, o botão “não curti” servirá para dizer “não gosto que sua cozinha tenha se queimado e espero que possa reabrir em breve porque a comida em seu restaurante é ótima”.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_