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Lobby da Lava Jato contra corrupção apela a movimento pró-impeachment

Deltan Dallagnol foi a ato organizado pelo Movimento Liberal Acorda Brasil

Gil Alessi
O procurador Dallagnol apresenta detalhes do esquema.
O procurador Dallagnol apresenta detalhes do esquema.STRINGER/BRAZIL (REUTERS)

Deltan Dallagnol, 34, é um dos nove procuradores de República encarregados das investigações da Lava Jato. Destaque nas apresentações dos resultados da operação - é ele quem comanda o power point onde são exibidos os fluxos de propinas envolvendo a Petrobras -, o jovem servidor já foi alvo de críticas de defensores do Governo por supostamente ter partidarizado as investigações. Em julho ele participou de eventos ligados a pastores anti-Dilma, que convocavam fiéis para atos contra a mandatária. Esta semana o procurador, que também está na linha de frente da campanha do Ministério Público Federal pela coleta de assinaturas para a aprovação de um projeto de lei chamado Dez Medidas Contra a Corrupção, se envolveu em nova polêmica com relação ao impeachment.

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Na noite de terça-feira (15) ele compareceu a um evento organizado por Rosangela Lyra, presidente da Associação dos Lojistas dos Jardins e uma das lideranças do Movimento Liberal Acorda Brasil, organização que defende abertamente o impeachment de Dilma Rousseff. Outro expoente do grupo é o empresário Luiz Philippe de Orleans e Bragança, sobrinho de Luís Gastão de Orleans e Bragança, que seria imperador do país caso o regime monárquico ainda vigorasse. Em sua carta de princípios, o MLAB afirma que é “o cúmulo” acreditar que no Brasil o direito à propriedade privada é assegurado, tendo em vista “a demora de reintegração de posse de imóveis e veículos".

Realizado no bairro dos Jardins, área nobre de São Paulo, e contando com um público hostil ao PT, o evento aconteceu no dia em que o juiz federal Sérgio Moro aceitou denúncia contra o ex-ministro da Casa Civil de Lula José Dirceu por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. O petista, que está preso em Curitiba, agora é réu na Lava Jato por participação em organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O evento já contou, em edições anteriores, com a presença do vice-presidente Michel Temer (PMDB), que deixou escapulir, na ocasião, que caso a popularidade de Dilma continuasse baixa, seria difícil completar o mandato. Dallagnol compareceu para receber das mãos de Lyra as 30.000 assinaturas em prol do projeto contra a corrupção coletadas pelo grupo – grande parte delas durante os atos contra o Governo realizados na avenida Paulista. Ele aproveitou para falar para as cerca de 60 pessoas presentes sobre a expansão da Lava Jato, que “hoje vai muito além da Petrobras”.

Lyra fez questão de desvincular o ato com a presença do procurador à luta pelo impeachment: "Não é um projeto de lei contra o PT nem para tirar a Dilma. Pessoas com camisa da CUT assinaram, com boné do MST também”, afirmou, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo.

O procurador, que já havia dito anteriormente não se posicionar com relação ao impeachment – “não nos manifestamos sobre isso” – tem se esforçado para dar pluralidade à campanha em prol das dez medidas contra a corrupção. “Não estamos indo apenas a igrejas: já fui em centros espíritas, tratei com a igreja católica, com maçons, falei em congressos de farmacologia... Queremos esclarecer para a sociedade que o projeto das dez medidas é bom”, disse em entrevista ao EL PAÍS.

Na semana passada o MLAB endossou o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff feita pelo advogado Hélio Bicudo, que já esteve nos quadros do PT. O texto, cuja argumentação gira em torno das pedaladas fiscais no mandato passado, é a maior aposta da oposição para conseguir o impedimento da petista.

A reportagem tentou, sem sucesso, entrar em contato com o Ministério Público Federal para falar sobre a presença de Dallagnol no evento do MLAB.

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