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Cuba anistia 3.500 presos para a visita do papa Francisco

É a soltura de presos mais ampla da história do castrismo

O cardeal cubano Jaime Ortega em uma procissão na quarta-feira.
O cardeal cubano Jaime Ortega em uma procissão na quarta-feira.A. MENEGHINI (REUTERS)

O Granma, jornal oficial de Cuba, anunciou nesta sexta-feira que o Conselho de Estado do país decidiu anistiar 3.522 presos por ocasião da visita que será realizada pelo papa Francisco a Havana. Nunca se realizou no período castrista uma soltura tão ampla de prisioneiros. A mais próxima se deu em 2012, abrangendo cerca de 3.000 pessoas, por ocasião da visita ao país do papa Bento XVI. Quando João Paulo II esteve na ilha, em 1998, o total de libertados foi de 300 pessoas.

A visita do papa Francisco está prevista para ocorrer entre 19 e 22 de setembro, e a medida deve entrar em vigor dentro de 72 horas.

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Os beneficiados serão os que têm mais de 60 anos de idade e os menores de 20 anos que não tenham antecedentes criminais, os doentes crônicos, as mulheres, os presos cuja liberdade condicional deve ser revista em 2016 e os estrangeiros cujos países de origem assumam sua extradição.

A fim de tranquilizar a população, o Conselho de Estado –órgão mais importante do Governo– informou por intermédio do Granma que, à parte algumas “exceções humanitárias”, não serão anistiados os presos culpados de assassinatos, estupros, pedofilia, tráfico de drogas, atentados contra a segurança nacional ou qualquer outro crime envolvendo violência.

O anúncio é feito em meio às negociações entre Havana e Washington para a retomada de relações entre os dois países. A previsão, nesse terreno, é de que, hoje, as delegações diplomáticas dos Estados Unidos e de Cuba discutam assuntos de ordem judicial e penitenciária, como a revisão do estatuto de refugiado político para várias pessoas que deixaram seus respectivos territórios.

O papa Francisco foi um dos grandes promotores desse diálogo entre os dois países depois de meio século de enfrentamento. Sua visita foi acertada entre o papa Francisco e o presidente cubano, Raúl Castro, em maio, no Vaticano. Nessa ocasião, Raúl Castro afirmou que havia feito um agradecimento ao papa por sua intermediação no processo de reaproximação com os Estados Unidos e admitiu ter ficado “muito impressionado com a sabedoria, a modéstia e todas as virtudes” de Jorge Mario Bergoglio. Em um encontro posterior com o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, o dirigente cubano declarou: “Leio todos os discursos do papa. Se ele continuar falando nessa linha, garanto que voltarei a rezar e me reintegrarei à Igreja. E estou falando sério”.

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