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David Cameron cede à pressão e Reino Unido vai acolher mais refugiados

Premiê garante que a Grã-Bretanha “vai cumprir com suas responsabilidades morais”

Pablo Guimón
O primeiro-ministro britânico, David Cameron.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron.Luke MacGregor (Bloomberg)

David Cameron acabou cedendo à pressão, de fora e de dentro de suas próprias fronteiras, e anunciou esta tarde que a Grã-Bretanha “vai cumprir com suas responsabilidades morais” na crise migratória que a Europa atravessa. Visitando uma fábrica em Durham, o primeiro-ministro conservador se referiu ao efeito produzido pelas fotos do pequeno Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos arrastado sem vida até a costa de uma praia turca. “Qualquer um que tenha visto essas fotografias não poderia ter evitado o choque e, como pai, fiquei profundamente comovido”, assegurou.

"Estamos recebendo milhares de pessoas e vamos receber mais”, acrescentou o primeiro-ministro, no que significa uma mudança significativa em suas declarações dias antes da publicação das terríveis imagens. O Reino Unido recebeu no ano passado 216 pessoas no marco do programa para refugiados vulneráveis e, desde o início da crise na Síria em 2011, deu asilo ou outra forma de proteção humanitária a 5.000 cidadãos sírios. Cameron insistiu na quarta-feira que, em sua opinião, a crise migratória europeia “não vai se resolver simplesmente com o Reino Unido acolhendo mais refugiados”.

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O primeiro-ministro não especificou quantos refugiados vai receber, nem como, nem quando. Ele se limitou a acrescentar que o assunto será estudado. O jornal The Guardian afirmou na quinta-feira à tarde que os planos do Governo são receber milhares de refugiados, mas em nenhum caso o número chegará aos 10.000 que Yvette Cooper, candidata à liderança do opositor Partido Trabalhista, disse que o país tinha a disposição de hospedar. Segundo o jornal, os refugiados serão selecionados nos campos do ACNUR na fronteira síria, e os funcionários do Governo estão estudando com urgência o número definitivo, o financiamento e os lugares onde serão recebidos.

As pressões sobre Cameron para que autorizasse a recepção de mais refugiados chegaram nestes dias de todas as frentes. Tanto de seus parceiros europeus como, internamente, dos trabalhistas, dos nacionalistas escoceses e até mesmo da Igreja. Inclusive dentro do seu próprio partido, vários deputados pediram mais compromisso do primeiro-ministro com a pior crise de refugiados atravessada pela Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A crise de imigração foi um dos temas na pauta da reunião entre David Cameron e o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, que se encontraram na manhã de sexta-feira em Madri. A visita do primeiro-ministro é parte das viagens que está realizando por várias capitais europeias para apresentar os detalhes de sua proposta de negociação para enfrentar o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, que acontecerá antes do final de 2017.

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