_
_
_
_
_

Joaquim Barbosa diz que TCU não tem “estatura” para originar impeachment

Segundo ex-ministro do STF, Tribunal de Contas é um "playground de políticos fracassados"

Rodolfo Borges
Barbosa em 2014, ainda como presidente do STF.
Barbosa em 2014, ainda como presidente do STF.Fellipe Sampaio (SCO/STF)

Considerado pela oposição um dos possíveis caminhos para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o julgamento das "pedaladas fiscais" no Tribunal de Contas da União (TCU) não deveria estar recebendo tanta atenção ou crédito assim. Pelo menos na opinião do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa. Em palestra no 7º Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capital, organizado pela BM&FBovespa em Campos do Jordão (SP), Barbosa disse que não acredita no TCU "como um órgão sério, desencadeador de um processo de tal gravidade", Para ele, aliás, o Tribunal de Contas não passa de um "playground de políticos fracassados" e não teria "estatura institucional" para originar um impeachment presidencial.

Mais informações
Em maré impopular, Governo estuda criar mais um imposto
Senadora: comissão que julga conta presidencial era “quarto de despejo”
Setor privado se movimenta para blindar a economia
Joaquim Barbosa, o comentador

Alçado à fama nacional graças ao seu protagonismo enquanto relator do processo do mensalão no STF, o ex-ministro do Supremo tem feito poucas aparições públicas após a aposentadoria, em 2014, e se acostumou a guardar suas opiniões sobre os rumos do Brasil a seu perfil no Twitter. Neste sábado, contudo, Barbosa soltou o verbo na hora de criticar o TCU. Segundo ele, o tribunal "não tem estrutura suficiente para conduzir algo de tamanha gravidade". "Impeachment é coisa muito séria. É um processo que sabemos como começa, mas não como termina. Precisa ser algo muito bem baseado, com provas chocantes envolvendo diretamente o presidente. Sem isso, nós sairemos perdendo”, disse, como registra a edição online do jornal Valor Econômico.

A considerar as opiniões de Barbosa sobre o TCU, o caminho mais razoável para um possível impeachment seria a rejeição das contas da campanha de reeleição da presidenta Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas o ex-presidente do STF também não poupou o TSE em suas críticas. Para o ministro aposentado, o fato de o tribunal contar com representantes da advocacia eleitos para mandatos de apenas dois anos seria um "elemento fragilizador" — já que esses advogados não costumam se desvincular de suas atividades cotidianas enquanto membros do TSE.

A maioria dos ministro do TSE (quatro) já votou pelo prosseguimento de ação que pede cassação de Dilma e do vice-presidente Michel Temer, mas o julgamento da questão foi interrompido por um pedido de vista da ministra Luciana Lóssio. Já o TCU adiou pela segunda vez na quarta-feira, a pedido do Governo federal, o julgamento das contas do primeiro mandato da presidenta. Na ocasião, o Palácio do Planalto conseguiu mais 15 dias para explicar as "pedaladas fiscais", como ficaram conhecidas as manobras contábeis utilizadas pelo Governo para fechar suas contas.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_