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Noite mais violenta do ano em São Paulo deixa 19 pessoas mortas

Ataques a bala por homens encapuzados aconteceram em um intervalo de duas horas e meia em 10 pontos da zona metropolitana da cidade

Um dos corpos mortos em bar de Osasco.
Um dos corpos mortos em bar de Osasco. Nivaldo Lima (Futura Press/Estadão Conteúdo)

Cerca de 30 pessoas foram vítimas de ataques a bala na região metropolitana de São Paulo na noite desta quinta-feira, 13 de agosto, sem razão aparente. Os episódios, que fizeram desta a noite mais violenta do ano no Estado, aconteceram num intervalo de duas horas e meia, em dez pontos diferentes de Osasco, Barueri e Itapevi. 19 pessoas morreram e 7 ficaram feridas nesta que foi a sétima chacina de 2015 no Estado. Os crimes levantaram a suspeita de que foram cometidos como retaliação às mortes de um policial militar e de um guarda civil, baleados durante assaltos dias atrás.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, cancelou seus compromissos nesta sexta-feira e convocou o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, para definir uma força-tarefa para apurar os fatos. No total 50 policiais civis irão investigar o caso com o auxílio de 12 peritos do Instituo de Criminalística e oito médicos legistas. Em uma entrevista coletiva nessa manhã, Moraes afirmou que a polícia trabalha com algumas teses de investigação sobre a série de mortes. Entre elas, a de que foi uma reação aos latrocínios de um guarda civil, ocorrida há três dias em Barueri, e de um policial militar, assassinado há uma semana em Osasco. Também trabalha com a possibilidade de que seja um embate da "guerra do tráfico". "Sejam ou não policiais [os assassinos], vamos atuar rapidamente para prender", afirmou o secretário, que disse ainda que dos seis mortos que já foram identificados, cinco tinham passagem pela polícia.

De acordo com ele, foram encontradas nos locais dos crimes cápsulas de balas de armas calibre 38, 380 e 9 mm. "Nenhuma delas é de uso da Polícia Militar, que utiliza pistolas ponto 40", afirmou Moraes, que disse ainda que a Guarda Civil usa dois dos tipos de munição encontrados. Questionado sobre o depoimento de uma testemunha, segundo o qual os atiradores perguntaram às vítimas quem tinha passagem policial antes de disparar, o secretário disse que esse procedimento seria "típico de quem quer fingir que é policial". "Nos casos que tivemos este ano envolvendo PMs esse tipo de questionamento não ocorreu", afirmou.

Moraes afirmou no final da tarde de hoje que o homicídio ocorrido em Itapevi não tem relação com os outros casos, enquanto que os crimes de Osasco apresentam indícios de terem sido coordenador por um mesmo grupo. "Um carro Peugeot cor prata esteve presente em ao menos quatro dos oito locais, e uma moto preta em três", afirmou, dizendo ainda que ao menos seis pessoas participaram dos crimes. Em Barueri um Sandero prata foi visto por testemunhas no local.

A chacina começou às 20h30, em um bar de Osasco, no bairro Jardim Munhoz Júnior, próximo ao limite com Barueri. Quatro pessoas morreram no local e outras seis no hospital, depois de receberem socorro.

Ao programa Bom Dia São Paulo, da TV Globo, uma testemunha que não quis se identificar deu sua versão do ocorrido: “Chegaram dois carros com vários indivíduos, em frente ao bar. Não procuraram por ninguém. Chegaram aqui, atiraram em todo mundo que eles viram e saíram correndo rapidamente”, disse. 

As execuções prosseguiram com novas investidas até as 22h em outras ruas de Osasco: Moacir Sales D'Ávila, Suzano, Vitantônio de Abril e Professora Sud Menucci e nas avenidas Eurico Cruz e Astor Palamin. A partir desse horário, a violência continuou em Barueri, cidade vizinha, onde uma pessoa foi morta na rua Carlos Lacerda às 22h15. Pouco mais de uma hora depois, dois homens foram baleados na rua Irene, enquanto tomavam bebida em um bar. Um vídeo da ação mostra dois homens de capuz entrando em um bar em Barueri, rendendo as pessoas e depois atirando.

Parte dos feridos foi levada para o Hospital Municipal de Barueri e para o Hospital Geral de Itapevi, e as vítimas, ainda não identificadas, aguardam o início do processo de investigação que será conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "Nunca vi uma noite com tantos mortos em São Paulo", adiantou, espantado, um dos peritos da Polícia Civil. Várias equipes trabalharam de madrugada na investigação.

Moraes afirmou que o policiamento foi reforçado em Osasco com equipes da Força Tática e das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, e descartou novos ataques na noite de hoje e durante o fim de semana. "Não há possibilidade alguma de toque de recolher, a população pode ficar tranquila".

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