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O que o empreendedor mais rico do Brasil pode te ensinar em 7 dicas

Para Jorge Paulo Lemann, acostumar-se a perder é uma lição valiosa para o sucesso

Jorge Paulo Lemann, sócio da 3G Capital
Jorge Paulo Lemann, sócio da 3G CapitalFolhapress

Em meio a um cenário de crise da economia brasileira, um dos principais empreendedores do país enxerga apenas oportunidades. Dono de uma fortuna avaliada em quase 83,7 bilhões de reais, o empresário Jorge Paulo Lemann, de 75 anos, acredita que não é hora dos empreendedores desanimarem. "Hoje vejo todo mundo reclamando. Mas, o que eu enxergo são as oportunidades. Estamos passando por dificuldades, mas vamos aprender e vamos superar. Aprendam, como eu aprendi, com esses pequenos fracassos. É isso que vai salvar o Brasil", afirmou Lemann a uma plateia de empreendedores em evento promovido pela Endeavor em São Paulo.

Para o homem mais rico do Brasil, segundo a Forbes, que já foi comparado a Henry Ford ou Sam Walton, acostumar-se a perder é uma lição valiosa que ele aprendeu ainda criança, quando foi derrotado pela primeira vez em uma partida de tênis. "Os pais educam os filhos para que dê sempre tudo certo. E esquecem que, fazendo besteira, burrada, se aprende muita coisa também. Deixem os filhos fazerem burradas", aconselhou o empresário.

A trajetória desse carioca que hoje é um dos sócios da 3G, uma das acionistas da Anheuser-Busch InBev, a maior cervejaria do mundo, nunca foi muito linear. Lemann já atravessou diversas crises e viu, aos 26 anos, um dos seus primeiros grandes projetos, uma financeira, falir em quatro anos por ter falhado na administração.

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Ao longo de sua carreira, ele fundou o Banco Garantia, o GP Investimentos e o fundo de investimento 3G Capital. Atualmente, além da AB Inbev, ele possui participação em empresas como Burger King e a americana Heinz & Company, que fabrica o famoso catchup Heinz. A empresa  também se fundiu com a Kraft Foods, em um negócio bilionário.  No fim do mês passado, outro fundo  que tem Lemann entre seus principais sócios, o Innova Capital, juntamente com o fundo Península, de Abílio Diniz,  e o fundo Ocean compraram o controle da rede de padarias Benjamin Abrahão.

"A maioria das pessoas olha a carreira de um empresário, vê o sucesso, e acha que se chega lá com facilidade. O empresário aparece no jornal se ele foi bem sucedido ou se ele faliu. Mas o que está no meio, as dificuldades, não aparece", afirmou o empresário, tem como hobby o tênis, esporte que começou a jogar aos 7 anos e nunca mais parou - ele chegou a disputar competições em Wimbledon antes de se tornar empresário.

Durante o evento, Lemann relembrou altos e baixos vividas ao longo de sua carreira e listou algumas lições importantes que aprendeu. Confira:

1 – Habituar-se a perder

Aos nove anos, Lemann entendeu que nem sempre ganharia e era preciso aproveitar a derrota para melhorar os resultados. "Com nove, eu perdi ( no tênis) para o meu grande rival na época no Country Club do Rio. Com 11 anos, perdi para um boliviano. Tudo isso me preparou para perder. Pensava por que tinha acontecido, em como poderia melhorar da próxima vez. Também entendi que sem esforço não tem resultado".

2 – Focar em cinco metas básicas

Acostumado com uma adolescência de poucos estudos e "muito surfe e tênis", Lemann teve que aprender a ter foco quando ingressou na Universidade de Harvard. "Fui para uma faculdade com as mentes mais brilhantes, mas quase fui expulso após jogar alguns fogos [de artifício] no Harvard Yard no primeiro ano", contou.

Para concluir o curso de economia, foi obrigado a desenvolver métodos para se concentrar nos estudos e ter bons resultados. "Comecei a focar em cinco temas básicos que tinha que estudar. Consegui completar o curso pela dificuldade. Superei e cheguei lá". Atualmente, ele aplica a regra das cinco metas básicas - ou seja, cinco prioridades - em todas as suas empresas. Essa seleção de objetivos facilita a sua realização, garante Lemann. Cada pessoa vai escolher suas prioridades, desde que sejam de cinco em cinco.

3 – Não se associe a pessoas parecidas, diversifique o time

Aos 26 anos, Lemann descobriu que não era tão esperto e inteligente como pensava. Após voltar dos estudos nos EUA resolveu abrir uma financeira com outros empresários que durou apenas quatro anos. "Meus sócios eram mais velhos e mais experientes do que eu, mas éramos todos muito parecidos. Só pensávamos em vender e ganhar dinheiro, mas ninguém administrava nada", conta. A lição ele nunca mais esqueceu: "Em uma empresa você não pode ter apenas pessoas parecidas a você". O importante é diversificar e escolher bons profissionais para fazer o que você não sabe.

4 –  Invista em uma boa equipe. E pague bem

Investir tempo procurando pessoas qualificadas vale a pena, sugere Lemann, e trabalhar com uma política de retenção de talentos com uma perspectiva de carreira e de salário. Durante a gestão do Banco Garantia, ele percebeu a importância de contar com um bom time. "Eu entrevistava 1.000 por ano para escolher dez. Desenvolvemos este sistema de trazer gente boa, remunerar bem e dar oportunidades. Hoje, esse é o ponto forte das nossas empresas ", diz.

5 – Timing: fazer a coisa certa na hora certa

O empresário citou a importância da noção de timing para tomar um grande passo. "Esse tipo de sentimento você não aprende na escola de business, é preciso arriscar", disse, fazendo referência à bem-sucedida compra da norte-americana Anheuser-Busch pela Inbev, em junho de 2008, por 52 bilhões de dólares. As dificuldades por que passava a cervejaria americana, num momento em que o Brasil crescia  e ajudava as empresas a faturar, permitiram que Lemman ousasse em comprar o dono de marcas como a Budweiser, ícone dos Estados Unidos.

6 – Reinventar o objetivo e aproveitar uma oportunidade

Aos 31 anos, o empresário resolveu investir na compra de uma corretora e viu seu negócio em perigo um mês depois da aquisição quando a bolsa despencou. "Ía ser a melhor corretora de bolsa do Brasil, mas tivemos que nos virar e inventar algo", conta. A nova oportunidade surgiu quando o Banco do Brasil introduziu as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN). "Passamos a ser os grandes operadores de ORTN. Começamos pensando em fazer uma coisa, mas viramos outra. As coisas nunca são uma linha reta", explicou.

7- Sempre busque pessoas melhores que você

Com empresas diversificadas e atuação em vários países do mundo, o empresário afirmou que em todos os seus negócios sempre tratou de ter em sua equipe pessoas mais talentosas do que ele. "Sempre busquei pessoas melhores que eu. São essas pessoas que vão tocando meus negócios atualmente.  Acho que um empreendedor que gosta do que faz não tem que parar nunca, mas deve preparar seus sucessores".

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