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A vacina do ebola funciona

Organização Mundial de Saúde anuncia que a imunização é eficaz em 100% dos casos

Nuño Domínguez
Mulher recebe vacina do ebola em Conakry, na Guiné.
Mulher recebe vacina do ebola em Conakry, na Guiné.AFP

A vacina contra o vírus do ebola, que custou mais de 11.000 vidas na pior epidemia da história, funciona. O anúncio foi feito nesta sexta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS), especificando que a imunização tem 100% de eficiência.

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Os resultados vêm dos testes clínicos que estão sendo realizados na Guiné, um dos três países que mais têm sofrido durante o atual surto, iniciado em 23 de março. Nesses testes foi usada uma estratégia de vacinação em círculo, como a aplicada para erradicar a varíola. O centro de cada círculo é um infectado e são vacinadas as pessoas que tiveram contato próximo com ele. No total foram vacinados mais de 4.000 familiares, vizinhos e colegas de trabalho de 100 infectados com o vírus.

A vacina chega um ano e meio depois do anúncio oficial da epidemia, que registrou um total de 27.784 casos e 11.294 mortes, segundo dados de 27 de julho. O surto já está controlado, e apenas a Guiné e Serra Leoa continuam registrando casos isolados. Nesta semana, a OMS registrou sete novos casos e nenhuma morte.

Embora a vacina pareça totalmente eficaz, um painel internacional de especialistas determinou que os testes devem seguir para verificar se gera imunidade de grupo. O teste incluirá agora jovens de 13 a 17 anos e possivelmente crianças de 6 a 12 anos, disse a OMS em um comunicado de imprensa. A imunização também está sendo feita entre os trabalhadores do setor de saúde que atuam na primeira linha da epidemia, disse a organização Médicos Sem Fronteiras.

Os resultados preliminares da experiência foram publicados nesta sexta-feira na revista médica The Lancet. A vacina testada com sucesso é a VSV-EBOV, desenvolvida pela Agência de Saúde Pública do Canadá e cuja licença é da indústria farmacêutica Merck. A outra imunização que está mais avançada começou a ser levada a cabo na Libéria no início deste ano.

Cautela

Rafael Delgado, microbiologista do Hospital Universitário 12 de Outubro (Madri) e membro do comitê científico que assessorou o Governo espanhol durante a crise atual do ebola, apelou à cautela. O especialista adverte que o teste atual não incluiu um grupo de controle ao qual seria administrado placebo, a forma habitual de averiguar a eficácia de uma vacina. Foi uma condição imposta pelas autoridades da Guiné, explica Delgado. Nesse caso, a comparação foi feita vacinando metade dos círculos no início do estudo e a outra metade, três semanas depois. Essa diferença permitiu ter uma ideia da eficiência da vacina, segundo a OMS.

"Os resultados preliminares da vacina são muito boa notícia, mas será necessário esperar para ver os números detalhadamente, porque com esse tipo de estudo é muito mais difícil chegar a uma conclusão de causa e efeito”, diz Delgado. O único teste com um grupo de controle estava é o da Libéria, mas seus resultados também são limitados porque o país foi declarado livre do ebola em maio.

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