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Pearson vende o ‘Financial Times’ ao grupo japonês de notícias Nikkei

Empresa britânica vende o jornal econômico por 4,2 bilhões de reais

Pablo Guimón
Sede do Financial Times em Londres.
Sede do Financial Times em Londres. Chris Ratcliffe (Bloomberg)

O grupo editorial britânico Pearson, proprietário do  Financial Times, confirmou nesta quinta-feira a venda do prestigioso jornal econômico ao serviço de notícias japonês Nikkei, em uma transação no valor de 844 milhões de libras esterlinas (cerca de 4,2 bilhões de reais). O acordo, que deve ser concluído no quarto quadrimestre deste ano, não inclui a venda da sede londrinense do jornal, nem participação na metade da revista The Economist que pertence ao Pearson.

O grupo Pearson, cujo principal negócio é a edição educativa, teria negociado com o Nikkei e com o grupo alemão Axel Springer, segundo publicou o próprio FT, mas foi finalmente o conglomerado japonês que chegou a um acordo com o britânico. O Nikkei é um dos principais grupos editoriais japoneses, com vendas anuais superiores a 1,4 bilhão de euros (cerca de 4,8 bilhões de reais).

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“O Pearson foi o orgulhoso proprietário do Financial Times durante quase 60 anos”, declarou em comunicado o presidente do grupo, John Fallon. “Mas atingimos um ponto de inflexão nos veículos de comunicação, impulsionado pelo explosivo crescimento da operação em celulares e redes sociais. Neste novo contexto, a melhor maneira de garantir o sucesso jornalístico e comercial do Financial Times é que ele faça parte de uma companhia de notícias digital e global.” O Pearson, segundo o comunicado, focará agora em sua estratégia global de educação.

O Financial Times é mundialmente reconhecido por seu rigor e autoridade. Segundo dados publicados pelo próprio jornal, ele tem uma circulação combinada off-line e online (via pagamento de assinatura) de 720.000 exemplares. O jornal começou a cobrar pelo conteúdo online em 2002 e representa um dos melhores casos de sucesso no mundo em conteúdo informativo online pago.

Sua base fiel de leitores respondeu e se mostrou disposta a pagar pelo conteúdo na internet, permitindo que o grupo realizasse uma migração eficiente à plataforma online num contexto de colapso do mercado publicitário. Hoje, a renda que o jornal tem com as assinaturas supera a da publicidade em papel.

O caráter global do periódico deixa claro o fato de que a maioria dos seus assinantes é de fora do Reino Unido. Nos Estados Unidos, com 137.000 assinantes, ele goza de maior tiragem que em solo britânico. Metade das cerca de 455.000 assinaturas digitais do jornal são de empresas que as adquirem para os seus funcionários.

As assinaturas digitais superaram a circulação em papel em 2012 e hoje representam 70% da circulação do periódico, segundo seus próprios dados. Quase a metade do seu tráfego procede de dispositivos móveis. A renda pela operação online responde por 46% da renda total – a porcentagem mais alta da imprensa britânica.

Em 2014, o Financial Times contava com 550 funcionários na redação, pouco mais de um terço do total de empregados. Apesar da crise econômica, e especialmente da imprensa, o grupo Financial Times obteve lucro ao longo de toda a década passada. Isto se deveu, em parte, a uma dura política de redução de gastos, mas também ao sucesso de The Economist.

Uma fonte anônima do grupo Pearson, citada pela agência Reuters, que revelou a notícia nesta manhã, diz que, apesar da relativa estabilidade do jornal, o momento aconselha concentrar-se apenas no terreno da educação. O Pearson tem 47% do grupo editorial Penguin-Random House.

Já se falava de uma possível venda há alguns anos. “Só será vendido por cima do meu cadáver”, declarou a ex-presidenta do Pearson, Marjorie Scardino, em uma ocasião. Após a última onda de rumores sobre a venda em 2013, John Fallon, que ocupou o cargo de Scardino há dois anos, disse que o jornal não estava à venda e que era “uma parte valiosa e valorizada do Pearson”.

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