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Dylan Roof: “Alguém precisa ter a coragem, e acho que devo ser eu”

Site publica fotos do autor do massacre de Charleston e um manifesto sobre supremacia branca

Dylann Roof, em foto em seu site.
Dylann Roof, em foto em seu site.

Um site reúne fotos de Dylann Roof, o rapaz branco de 21 anos acusado de matar nove fiéis negros numa igreja histórica afro-americana em Charleston, e exibe um manifesto sobre a supremacia branca. O domínio foi registrado em fevereiro por Roof, conforme publicou neste sábado o jornal The New York Times.

O site é intitulado “Last Rhodesian” (último rodesiano), em referência à antiga república da Rodésia, onde havia um regime racista governado pela minoria branca, até se tornar em 1980 o Zimbábue. Na página de entrada do site há uma foto de um jovem branco, que não é Roof, estendido no chão, ensanguentado.

Mas numa galeria de imagens aparece o autor confesso da atrocidade da noite de quarta-feira na igreja Emanuel, no centro de Charleston. O jovem posa com uma bandeira da Confederação, dos Estados escravagistas do Sul dos EUA no século XIX, queimando uma bandeira dos Estados Unidos e visitando lugares históricos do Sul. Em outra imagem, mostra uma pistola com sete balas. É uma Glock calibre 45, o mesmo modelo que, segundo as investigações, Roof usou no interior da igreja.

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O manifesto não tem o nome de nenhum autor, mas há indícios de que tenha sido escrito por Roof. O autor se descreve como um “branco nacionalista” e se desculpa pelos erros de digitação porque, alega, “está com muita pressa”.

Numa seção denominada “Uma explicação”, afirma que escolheu Charleston para suas ações “porque é a cidade mais histórica” da Carolina do Sul e porque chegou a ter a “maior proporção de negros em relação a brancos do país”. E acrescenta: “Não temos skinheads, nenhum KKK [aludindo à Ku Klux Klan] real, ninguém fazendo nada além de falar pela Internet. Bem, alguém precisa ter a coragem de levar isso para o mundo real, e acho que devo ser eu”.

No começo do texto o autor explica sua evolução ideológica. “Não fui criado racista em casa ou no meu ambiente. Vivendo no Sul, quase todas as pessoas brancas têm alguma consciência racial, simplesmente pelo número de negroes [usa o termo pejorativo em inglês empregado até as leis de direitos civis nos anos sessenta] nesta parte do país. Mas é uma consciência superficial.”

Adiante afirma que o caso que “realmente” o “despertou” foi a morte em 2012, na Flórida, de Trayvon Martin, garoto negro de 17 anos, por tiros disparados por George Zimmerman, um vigilante comunitário de origem hispânica. O caso provocou protestos da comunidade negra. “Era óbvio que Zimmerman tinha razão”, escreve o autor, que lamenta que os meios de comunicação “ignorem” os casos de negros que assassinam brancos.

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