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Uma seleção brasileira destemperada cai ante a Colômbia de ‘La Roca’

Neymar perde a cabeça na derrota por 1 x 0 e deve pegar suspensão por dois jogos

Ramon Besa
Neymar lamenta após o gol colombiano.
Neymar lamenta após o gol colombiano.Felipe Trueba (EFE)

A Colômbia se recuperou na Copa América às custas do Brasil. A inexpressividade da seleção brasileira foi excessiva contra um adversário bem trabalhado e organizado na defesa, nada de outro mundo, mas o bastante para derrotar a equipe de Dunga. Os colombianos conseguiram marcar um gol após cobrança de falta para consolidar as diferenças em campo e obter revanche da última Copa do Mundo. Os zagueiros brasileiros não apareceram, assim como Neymar, apagado, muito intermitente e no fim expulso, guerreiro solitário em um grupo calamitoso futebolisticamente, sem qualquer grandeza. Também não significou muito o colombiano James, que diluiu com o passar do tempo na Colômbia. O nome da partida foi La Roca Sánchez.

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Pressionada por sua derrota contra a Venezuela, a Colômbia acelerou o ritmo logo no início da partida contra o Brasil. James assumiu o comando com naturalidade e hierarquia, sempre apresentando-se na intermediária, por trás de Falcao e Teo. O jogo, no entanto, se acelerava demais e as perdas de bola eram repetitivas, sem que o Brasil precisasse pressionar. Faltava aos jogadores de Pekerman profundidade e precisão, enquanto o time de Dunga se mostrava contemplativo em excesso, sem criatividade, com Neymar perdido em campo.

O Brasil parece um time de totó contra qualquer rival, sem seus meias clássicos, entregue a jogadores que não levantam a cabeça do chão, sem visão de jogo, fortes fisicamente e nada talentosos, sempre dependentes de seu ponta, o único capaz de vestir com dignidade a camisa 10. Neymar, no entanto, não conseguiu se conectar com a equipe, superada pela intensidade da Colômbia. O jogador do Barcelona só despertou depois de cruzar com Zúñiga, o lateral que provocou uma fratura em sua terceira vértebra lombar no Mundial passado e arruinou a Copa do Mundo para o Brasil.

Neymar cortou a bola de Zúñiga e parou perto de Ospina. Não acertou o passe e o jogo voltou aos pés de James, tão detalhista como o atacante do Brasil. Em resposta a Neymar, James saiu como um jato para animar uma partida travada e confusa, sem futebol pelos lados, com as equipes empenhadas em jogar por dentro e derrubar muros, incapazes de chegar à área e finalizar: não se contou uma finalização sequer ou uma chance até os 35 minutos, e então saiu o gol de Murillo. Cuadrado cobrou falta, houve uma confusão dentro da área e o zagueiro aproveitou a sobra para fazer o 1 x 0.

Colômbia, 1; Brasil, 0

Brasil: Jefferson; Dani Alves, Miranda, Thiago Silva, Filipe Luis; Elías (Tardelli, m.75), Fernandinho; Willian (Douglas Costa, m.67), Fred (Coutinho, m.45); Neymar e Roberto Firmino.

Colômbia: Ospina; Zúñiga, Murillo, Sapata, Armero; Quadrado, Carlos Sánchez, Valência (Mejía, m.79) James; Teófilo Gutiérrez (Bacca, m.75) e Falcao (Ibarbo, m.67)

Gols: 0-1. M. 35: Murillo.

Árbitro: Enrique Osses (Chile). Expulsou após apitar o final da partida Neymar e Bacca e deu cartão amarelo antes a Fernandinho, Firmino e Teo:

Monumental de Santiago do Chile. Cheio. 44.008 espectadores. Colômbia derrotou a Brasil pela primeira vez em 24 anos.

O Brasil se desequilibrou e Neymar recebeu um cartão amarelo que o impedirá de jogar a partida contra a Venezuela. Ospina defendeu uma cabeçada à queima-roupa do brasileiro depois de grande jogada e um cruzamento excelente de Dani Alves, e o atacante acabou advertido com o amarelo pelo árbitro Osses. Não houve intenção no toque posterior com a mão de Neymar. Até o intervalo não se teve mais notícia do Brasil, reduzido pela agressividade colombiana, exemplificada na excelente partida de Sánchez e na movimentação de Teo. Nenhum torcedor se surpreendeu com o placar diante do esforço da Colômbia e da ineficiência do Brasil.

Nem mesmo a inoperância de Falcao custou caro para a Colômbia. Para Dunga, não restou outra opção a não ser movimentar o banco de reservas para combater a frustração e recorrer a um jogador fino como Coutinho no lugar de Fred. O Brasil melhorou um pouco, Firmino passou a participar mais do jogo e Neymar, por um momento, se entusiasmou. A partida se abriu, perdeu a rigidez inicial e as idas e vindas foram constantes nas áreas de Ospina e Jefferson. Firmino perdeu um gol sem goleiro depois de um recuo mal feito por Murillo ao goleiro, e os colombianos se aplicaram nas faltas para deter Neymar.

O atacante do Barça era o único capaz de dar sentido e velocidade aos longos avanços com a bola dos jogadores do Brasil. Neymar jamais se esconde, é atrevido, se apresenta em cada jogada, mas não tem com quem se associar para fazer a diferença nas partidas mais apertadas, como a disputada pela Colômbia. Faltou ao jogador uma pausa e fineza para arrematar suas arrancadas constantes contra um rival que recuava cada vez mais, com James desgastado. Os colombianos se protegeram muito bem e com uma defesa de ajudas concederam poucas oportunidades ao Brasil.

Neymar foi se apagando como uma vela, e para o Brasil não foi o bastante a sutileza de Coutinho, que não estava tão inspirado, para a sorte da Colômbia, sempre protegida em sua zaga e no volante Carlos Sánchez, o jogador da noite em Santiago. Na falta de virtuosos, se impôs um jogador conhecido mundialmente como La Roca (A Rocha). A impotência brasileira foi tão grande que a partida acabou de maneira negativa depois que o árbitro apitou o final, com agressões de ambas as partes, empurrões e as expulsões de Bacca e Neymar.

A tensão continuará em uma última rodada tremenda para decidir a sorte do grupo. Neymar cumprirá no mínimo duas partidas de suspensão, e o Brasil vai se expor a um ridículo definitivo se não se recuperar contra a Venezuela depois de cair diante da Colômbia.

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