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Por um café da manhã paulistano bom, bonito e barato

Redefina hábitos e anote dicas de onde comer de manhã em São Paulo sem ir à falência

O pão com ovo da Padaria Natalina.
O pão com ovo da Padaria Natalina.Divulgação/Facebook

De todas as refeições atingidas pelo famoso raio gourmetizador em São Paulo, que tanto tem dificultado a vida dos paulistanos que comem fora de casa, a mais sofrida é o café da manhã. Isso, porque quem é minimamente íntimo da cidade sabe o quanto comer em uma típica padaria portuguesa é um hábito local dos mais caros – quando essa palavra só significava, neste contexto, querido.

Foi-se o tempo em que um pão na chapa, uma média e algo mais permitiam ao bom cidadão partir feliz e alimentado para o trabalho ou começar o fim de semana com uma boa vista do jornal, sem com isso ferir o bolso. Atualmente, uma ida displicente, vez ou outra, à padoca, como dizem os locais, já não é tão descompromissada: é preciso saber onde romper o jejum sem contribuir para a quebra do orçamento familiar.

Uma seleção de lugares gostosos e baratos é uma carta sempre importante de se ter na manga hoje em dia – seja você morador ou visitante da megalópole. Mas, antes, aposte também em uma certa mudança de hábitos.

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Primeiro, abandone a ideia de que tomar café da manhã tem que ser sentado. Quem percorre as vias mais movimentadas da cidade – e também as portas das estações do metrô – sabe que há alguns anos as banquinhas de pão de queijo, bolo caseiro e café coado na garrafa térmica, entre outras coisas, são um fenômeno que salva a vida de muito trabalhador. Oferecem comida barata (um cafezinho custa em média dois reais; um pedaço grande bolo de fubá não chega a quatro), bem ali, em um ponto providencial entre a sua casa e o trabalho. E há inclusive um certo charme em comer ao ar livre, sem excessos nem frescuras, junto a pessoas que compartilham sua pressa e sua falta de grana.

Depois, valorize a cultura de bairro e passe a frequentar aquele bar de esquina que tem do lado da sua casa (desde que você não more em bairros caros, que sofrem com a especulação imobiliária e estão se gourmetizando sem dó). Você pode ter certeza: ele tem pão na chapa feito com o velho e bom pão francês (de farinha branca mesmo, não o integral) a um preço humano, além de café quente, cuja dose extra de açúcar você pode suavizar pedindo com leite.

Mas sejamos concretos. Passe a frequentar aquela unidade do Sesc-SP mais próxima da sua casa durante a semana também, não só pensando no show daquela banda bacana ou em aprender a arte performática de Marina Abramović, mas também nas comedorias e cafés da rede, que costumam ter menus saudáveis a valores idem. São mais de 60 cafeterias que valorizam produtos nacionais, naturais, sem conservantes e até bonitinhos na apresentação. Uma atraente materialização do conceito de "bom, bonito e barato".

O SP Honesta pode lhe ajudar nessa cruzada gastronômica, e não só para o café da manhã. Entre as dicas para o desjejum está a Padaria Natalina, que oferece lanches mundanos como o pão com ovo acompanhado de uma média e fica à rua Sepetiba, na Lapa ("Esqueça as superpadarias. essa aqui é roots, escondida, mas seus pães são famosos na região. experimente o pão de queijo com pernil às terças e sextas”, diz a avaliação de uma contribuinte do site). Outra opção, especialmente para quem, apesar de não querer gastar demais, não abre mão de beleza à mesa, é o Café da Casa, em Pinheiros (“É um café fofo, que fica num lugar lindo. Os preços são camaradas, mais barato que o posto da esquina”).

Se for fim de semana, considere abandonar a tradição local do café da manhã mais leve e abra o espectro de possibilidades, começando o dia, por exemplo, com um desayuno colombiano. Aos domingos, o Rich Burger, na Barra Funda, deixa de ser um restaurante de comida por quilo e cobra um valor fixo (e baixo, considerando o custo-benefício) por pessoa para que ela disfrute de um buffet que inclui desde sopas às deliciosas arepas (massa de milho branco assada no formato de uma pizza), passando por aguapanela (bebida quente à base de cana de açúcar). Come-se muito e bem e, abraçando o talento para receber imigrantes que São Paulo tem, você ainda pode eliminar o almoço e guardar seus recursos para o jantar.

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