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Blatter restringe corrupção na FIFA a “casos isolados”

FIFA manterá as cotas estabelecidas para os Mundiais de 2018 e 2022

Luis Doncel

A poucas horas de deixar o congresso da FIFA como grande vencedor, Joseph Blatter compareceu perante a imprensa na manhã deste sábado para destacar duas ideias: ele é o homem indicado para recuperar a confiança no organismo que controla o futebol mundial; e os casos de corrupção que escandalizaram o mundo não afetam diretamente nem ele nem a organização que comanda desde 1998. “Os crimes cometidos se restringem a América do Norte e do Sul. Nos vemos afetados porque as pessoas detidas ocupavam cargos na organização, mas a FIFA não tem um papel direto”, afirmou o recém-reeleito presidente na sede da federação internacional de futebol, na cidade suíça de Zurique. As práticas que Blatter considera “casos isolados” são, segundo o Departamento de Justiça dos EUA, corrupção “desenfreada, sistêmica e arraigada”.

Blatter disse não estar preocupado com o que pode acontecer com ele. “Por que iriam me prender?”, respondeu a um jornalista que lhe perguntou sobre as insinuações de Jack Warner – ex-vice-presidente da FIFA acusado de ter cobrado 10 milhões de dólares em subornos — de que Blatter estava ciente desses pagamentos ilegais. “Sua atuação se deve à incompetência ou à negligência?”, disparou outro repórter. “Nem uma coisa nem outra. Não posso falar sobre as investigações. Só posso dizer que não tenho 10 milhões de dólares”, respondeu, visivelmente incomodado.

Consciente das dificuldades que tem pela frente, o homem que estará no comando do futebol por mais quatro anos mostra agora sua estratégia contra os inimigos que tem dentro de casa. Blatter estendeu a mão ao dizer que será o presidente de todos, independentemente dos que votaram na eleição de sexta-feira em seu rival, o príncipe jordaniano Ali Ben Hussein.

13 europeus e cinco africanos

As outras cotas:

O desafio da UEFA. Michel Platini pediu a renúncia de Blatter esta semana, mas o presidente reeleito da FIFA anunciou neste sábado que vai manter as vagas de seleções por cada continente para os Mundiais de 2018 e 2022. Platini advertiu que as 13 vagas para a Europa era um limite do qual não abriria mão.

África: 5

América do Sul: 4 (+1 se vencer na repescagem)

Ásia: 4 (+1 se vencer na repescagem)

Concacaf 3 (+1 se vencer na repescagem)

Oceania: 1 (se vencer na repescagem)

E, mais importante ainda, ofereceu um doce à UEFA, cujo presidente, Michel Platini, havia o desafiado esta semana ao pedir publicamente sua renúncia. Blatter anunciou que não serão modificados o número e a distribuição de vagas das seleções por continentes que participarão das Copas do Mundo de 2018 e 2022. A Europa mantém assim as 13 vagas que já tinha, requisito que Platini havia considerado na sexta como um limite do qual não estava disposto a abrir mão.

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Mas, ao mesmo tempo que oferecia colaboração com todas as federações, Blatter lançou uma carga de pressão contra seus rivais europeus. O suíço culpa a UEFA por não ter aceitado há quatro anos a criação de um comitê de ética que selecionaria candidatos enviados pela FIFA. “Queríamos um maior controle ético, mas no fim não foi possível porque a UEFA não quis.” Sobre a possibilidade de que o organismo presidido por Platini inicie um boicote contra a FIFA, o suíço disse que é uma possibilidade que não interessa a ninguém. “A Copa do Mundo é a que dá mais dinheiro. Precisamos mutuamente um do outro”, afirmou.

Blatter também se propôs a apagar outro incêndio que tem pela frente. Patrocinadores como a Visa ameaçaram esta semana retirar seu apoio se a FIFA não “reconstruir uma cultura com práticas éticas firmes para restaurar a reputação do esporte para os torcedores do mundo todo”. O líder reeleito da FIFA disse estar em contato com os patrocinadores para melhorar as relações, e anunciou que visitará um a um em breve. Para eles, também mandou uma outra mensagem: “Temos uma relação de sócios. É um acordo que interessa às duas partes”.

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