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Alvo de busca da Lava Jato, Cunha retalia e quer procurador-geral na CPI

Aliados de presidente da Câmara também querem quebra de sigilo telefônico de Janot

São Paulo -
Eduardo Cunha e Paulo Pereira da Silva na terça-feira.
Eduardo Cunha e Paulo Pereira da Silva na terça-feira.UESLEI MARCELINO (REUTERS)

Para toda ação, uma reação. A expressão caracteriza cada vez mais a atuação de Eduardo Cunha, o peemedebista que preside a Câmara dos Deputados brasileira.

A mais recente reação foi a de articular a convocação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para depor na CPI da Petrobras. A razão foi um mandado de busca e apreensão no departamento de informática da Câmara para apurar se Cunha teria usado o seu mandato parlamentar para ajudar a quadrilha que desviou bilhões de reais da Petrobras.

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O mandado foi cumprido entre segunda e terça-feira por técnicos do Ministério Público e acompanhados por funcionários do Legislativo. Cunha reclamou: “Ele escolheu a mim e está insistindo na querela pessoal porque eu o contestei. Virou um problema pessoal dele comigo”, afirmou.

Na manhã desta quarta-feira, aliados de Cunha, como o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB) e o oposicionista Paulo Pereira da Silva (SD-SP), iniciaram conversas para pressionar Janot e colocá-lo frente a frente com os deputados inquisidores da comissão. Nos próximos dias, Pereira da Silva deve apresentar um requerimento para que a CPI convoque o procurador.

No último dia 28, o jornal Folha de S. Paulo revelou que o registro eletrônico da Câmara reforçava a suspeita contra Cunha de que ele tenha sido o autor de dois requerimentos que investigavam a Mitsui, uma das fornecedoras da Petrobras. O objetivo desses requerimentos, segundo um depoimento do doleiro e operador do esquema ilegal Alberto Youssef, era pressionar a Mistui a voltar a pagar propinas aos políticos.

O presidente da Câmara é um dos 49 políticos brasileiros investigados no esquema e tem dado seguidos depoimentos contra o procurador-geral. Já disse, por exemplo, que a investigação contra ele é uma “querela pessoal” de Janot. Sempre reafirmando que é inocente e que nunca participou do esquema de desvios de recursos da petroleira.

No mês passado, o deputado do Solidariedade já havia pedido a quebra de sigilo dos dados telefônicos de Janot e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A suspeita do parlamentar é de que os dois tenham tratado de assuntos relacionados à operação Lava Jato antes da apresentação do pedido de investigação do braço político da quadrilha que agia na Petrobras.

Se a CPI aprovar o requerimento, será possível ter acesso a dados como números chamados, horário das ligações e tempo de duração de cada conversa. Não haverá, porém, a gravação dos áudios de cada ligação.

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