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Federação Espanhola de Futebol para todas as competições a partir do dia 16

Decisão é resultado de insatisfação com decreto televisivo recentemente aprovado

Ladislao J. Moñino
Luis Rubiales, presidente da AFE
Luis Rubiales, presidente da AFEefe

Ou o Governo altera alguns pontos do Decreto Real recentemente aprovado para a venda centralizada dos direitos do futebol ou a Federação Espanhola de Futebol (FEF), contando com petição e apoio do Sindicato dos Jogadores de Futebol da Espanha (AFE), iniciará uma greve por tempo indeterminado que começará na penúltima jornada da Liga da Primeira Divisão, a ser disputada em 17 de maio. A medida afeta todas as competições. A Federação, em um duro comunicado, disse sentir-se “menosprezada, depreciada e ignorada” pela substância e a forma do decreto. O texto da entidade diz ainda: “A Junta Diretiva avaliou a situação de insatisfação com a divisão dos 4,55% procedentes das Loterias Esportivas e sua retirada sem motivo algum por parte do Secretário de Estado para o Esporte; o estudo realizado sobre as consequências da Lei de Empreendedores, que conduzem à impossibilidade da presença dos colaboradores mais imprescindíveis na organização do futebol mais simples; as inspeções da Agência Tributária e da Previdência Social nos clubes de futebol amador, que obrigaram uma elevada quantidade de dirigentes modestos a abandonar seus postos”. A Federação afirma que se viu despojada de direitos como a “titularidade do audiovisual” e diz que o Governo utiliza “dinheiro privado do futebol para políticas esportivas por meio do CSD para outras atividades alheias ao futebol”. “Estão nos impondo a função de ‘carteiros’ de nosso dinheiro para entregá-lo de imediato às federações de âmbito regional”, adverte outro trecho do comunicado.

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No sindicato, por sua vez, dizem que sua posição não é contrária à patronal, mas contra o Executivo, e que a entidade não tem nada a ver com o aumento da pressão fiscal que a Agência Tributária empreende há meses em relação à tributação dos direitos de imagem.

A AFE está contra a distribuição destinada aos clubes da Primeira e da Segunda, segundo a qual para os primeiros seriam destinadas 90% das receitas televisivas e para os segundos, 10%, ocasionando uma desigualdade salarial preocupante. Na França, a distribuição é de 80-20 e na Alemanha, de 79-21. Essa repartição foi feita sem contar com os clubes da Segunda B, de modo que quando algum deles ascender poderá deparar-se com um acordo do qual não tomou parte.

Na AFE os dirigentes consideram ainda que na dotação destinada para os clubes da 2 B, com o que se pagaria a Previdência Social dos jogadores, e para o futebol feminino da Primeira Divisão, estão sendo beneficiados clubes que têm sua sede em entidades profissionais. “O Madrid, o Barça ou o Atlético têm filiais na Segunda B, e 9 das 16 equipes da Primeira feminina pertencem a equipes da categoria máxima”, dizem na AFE.

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Outro ponto de discordância importante é a inclusão nas últimas disposições de dar força de lei às sanções decorrentes das infrações por descumprimento das normas de controle econômico que se pretenda adotar mediante acordo dos órgãos de representação dos clubes esportivos de caráter profissional. Isso tem a ver com o caso de Pedro León, a quem foi negada a inscrição para jogar porque o Getafe superou o limite estabelecido de gasto. A AFE recorreu à Justiça entre outros motivos por considerar que tal controle econômico não tinha força de lei e que também violava o direito fundamental ao trabalho.

Os dirigentes da AFE estão certos de contar com o apoio de seus afiliados até a última consequência, a greve. Depois de finalizar a partida entre a Juventus e o Real Madrid, e ser questionado sobre o assunto na terça-feira, Sérgio Ramos declinou desmentir ou confirmar a convocatória de greve, mas horas antes, na sala de imprensa do Camp Nou, na prévia do Barça-Bayern, Leo Messi foi um pouco mais explícito sobre o fato: “Tivemos uma reunião com a AFE e os jogadores estão [de acordo] com o que eles decidirem”.

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