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França se antecipa na UE para normalizar suas relações com Cuba

Paris e Havana qualificam de “histórica” a visita de Hollande à ilha em maio

Carlos Yárnoz
O presidente francês, François Hollande, nesta terça-feira.
O presidente francês, François Hollande, nesta terça-feira.MIGUEL MEDINA (AFP)

A França assumiu a liderança entre os países da União Europeia no sentido de normalizar suas relações com Cuba, acompanhando a nova etapa aberta na ilha desde o início do degelo entre Havana e Washington, em dezembro. Como prova da boa sintonia entre os dois países, o ministro cubano de Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, escolheu Paris para iniciar nesta terça-feira uma viagem por capitais europeias, enquanto o presidente francês, François Hollande, será o primeiro chefe de Estado europeu a visitar Havana nesta nova fase.

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Rodríguez qualificou de “histórica” a viagem de Hollande, que chegará em 11 de maio a Havana. Foi o mesmo termo usado por seu homólogo francês, Laurent Fabius. Antes do encontro entre ambos, o ministro cubano foi recebido por Hollande no Palácio do Eliseu e, depois, pelo primeiro-ministro, Manuel Valls, em mais um duplo sinal da aproximação especial entre os dois Governos.

Tais encontros foram antecedidos por outros passos significativos. Em março de 2014, Fabius visitou Cuba e foi recebido pelo presidente Raúl Castro, uma deferência reservada em raras ocasiões a ministros de outros países. O chanceler da Espanha, José Manuel García Margallo, por exemplo, não foi recebido por Castro quando viajou a Havana em novembro. Fabius foi o primeiro ministro francês de Relações Exteriores a visitar a ilha desde 1983.

No mês passado, o secretário de Estado francês para o Comércio Exterior e Turismo, Mathias Felk, esteve em Cuba acompanhado de uma grande comitiva de empresários do seu país. Nesta terça-feira, o chanceler Rodríguez comentou que os dirigentes cubanos encontraram “sócios seguros” entre os empresários franceses na hora de “diversificar” as atividades econômicas cubanas. Empresários espanhóis realizaram neste mês uma viagem semelhante à ilha.

O chanceler cubano escolheu Paris para iniciar uma excursão por várias capitais europeias

O ministro cubano destacou perante Fabius o clima de “verdadeira proximidade” entre os dois países, acrescentando que Havana deseja expressar sua “gratidão” a Paris pelo tradicional rechaço francês ao bloqueio econômico que os Estados Unidos ainda exercem sobre Cuba. Fabius reiterou essa rejeição e prometeu ajudar Havana a “se reintegrar plenamente” na comunidade internacional. Para isso, Washington terá não só de suspender o embargo como também a UE deverá modificar a denominada “posição comum” vigente desde 1996, a qual, por iniciativa do ex-premiê espanhol José María Aznar, manteve as relações UE-Cuba num nível mínimo.

Os setores nos quais a França já está inserida em Cuba são os da alimentação e distribuição (a empresa Pernod-Ricard é coproprietária da marca de rum Havana Club), turismo (através da Accord), energia (Total e Alstom), construção (Bouygues) e telecomunicações (a Alcatel-Lucent administra a instalação do cabo de fibra óptica entre Cuba e Venezuela).

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