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Eduardo Cunha passa de franco atirador a alvo em dois meses

Após dominar agenda legislativa, presidente da Câmara vira foco de protestos

R. B.
São Paulo -
Cunha é alvo de protesto durante malhação do Judas, em Fortaleza.
Cunha é alvo de protesto durante malhação do Judas, em Fortaleza.Cristhyana Abreu (CTB)

Após reinar no Congresso Nacional desde que foi eleito presidente da Câmara, em fevereiro, Eduardo Cunha (PMDB) sofreu nesta semana seu primeiro grande revés, com o adiamento da votação sobre a regulamentação da terceirização. Fora da Câmara, contudo, o peemedebista já vem enfrentando problemas há mais tempo. O protagonismo de Cunha mudou o equilíbrio de poderes em Brasília, e, agora, cobra seu preço.

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Como parte de uma proposta para aproximar a Câmara dos Deputados da população, o peemedebista deu início ao projeto "Câmara Itinerante", pelo qual visita assembleias legislativas Brasil afora para ouvir propostas sobre a reforma política. Até agora, o chefe do poder Legislativo visitou quatro capitais (Curitiba, São Paulo, João Pessoa e Natal). E não foi poupado de protestos em nenhuma delas. Cunha, parte da bancada evangélica que defende que a família deve ser "homem e mulher",  atribui os gritos de "homofóbico" e "corrupto" a adversários petistas e promete reagir. "O PT não vai constranger o PMDB pelo país. O PMDB não vai aceitar ser constrangido pelo PT. Esse é o recado que nós estamos dando", disse após ser alvo de protesto na Paraíba.

É nesse contexto de confronto e disputa por poder que surgem questionamentos como o baseado no processo trabalhista que a mulher de Cunha ganhou da Rede Globo há alguns anos. A jornalista Claudia Cruz travou uma disputa judicial contra a emissora por trabalhar como prestadora de serviços por anos quando exercia, conforme concedeu a Justiça, função de funcionária da empresa. Como Cunha foi o responsável por desengavetar o projeto que regulamenta a terceirização, seus adversários exploram a aparente contradição.

O presidente da Câmara já deu provas, contudo, de que não está disposto a retroceder em suas pautas e, político habilidoso, aproveita os ataques para reforçar a conexão com seu eleitorado. No dia 13 de abril, começou o dia, às 6h30, com um salmo eloquente em sua página de Facebook: "Livra-me, ó Senhor, dos meus inimigos; fujo para ti, para me esconder."

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