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Cinemas de Londres alertam público antes de exibir Relatos Selvagens

Diversas salas avisam que filme pode ser “perturbador”, após acidente da Germanwings

O ator Darío Grandinetti, em cena de Relatos Selvagens.
O ator Darío Grandinetti, em cena de Relatos Selvagens.

Wild Tales é o título em inglês do filme argentino Relatos Selvagens, uma antologia de seis histórias de humor negro que começa com a vingança de um passageiro, trancado na cabine de um avião para derrubá-lo. A infeliz coincidência de sua estreia no Reino Unido com a tragédia da Germanwings levou várias salas de exibição a alertar a plateia sobre o “material sensível” do filme, enquanto pipocavam especulações na Internet sobre a possibilidade de o copiloto da aeronave alemã ter se inspirado nessa peça de ficção para materializar seus delírios assustadores.

Avalizado por sua indicação na última edição do prêmio Oscar e pelas excelentes críticas dos meios de comunicação britânicos, o filme chegou aos cinemas da ilha na sexta-feira passada, apenas três dias depois que Andreas Lubitz –segundo indica a investigação— se trancou na cabine do avião que pilotava e deliberadamente o fez bater numa montanha nos Alpes franceses, matando dessa forma 149 pessoas inocentes.

O impacto desse evento na opinião pública mundial resultou em queixas feitas por alguns dos primeiros espectadores britânicos de Relatos Selvagens depois de verem o filme. O Twitter se encheu de comentários sobre as semelhanças da tragédia real com uma das cenas do filme, obrigando a rede de salas de cinema Curzon a exibir em suas sessões uma advertência antes do filme, com destaque: “Em razão do incidente em um voo da companhia Germanwings, precisamos advertir que o filme pode ser perturbador para alguns de nossos clientes”.

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“Damos nosso apoio a todos os atingidos pelos eventos trágicos dos Alpes. A data de estreia de Relatos Selvagens foi decidida há meses […]. A ocorrência deste terrível acidente fez com que as notícias fossem divulgadas na mesma semana em que o filme estreou no Reino Unido, e era tarde demais para mudar a data de lançamento. Esperamos que o público saiba compreender que qualquer semelhança é uma lamentável coincidência e que possa apreciar este filme maravilhoso com o espírito com que foi concebido”, acrescenta a Curzon em seu site. E a projeção do mesmo título no Instituto Britânico de Cinema (BFI, na sigla em inglês) é precedida por um cartaz que lembra que Relatos Selvagens “é uma obra de ficção” e que “qualquer lamentável coincidência com fatos reais não é intencional”.

Ainda é cedo para saber se essa polêmica afetará a bilheteria do filme dirigido por Damian Szifron e coproduzido pela Argentina e pela produtora espanhola El Deseo (dos irmãos Almodóvar), por culpa da publicidade negativa, que se traduziu inclusive em pedidos de cancelamento de sua exibição. Também não a favorecem as especulações na Internet que imaginam Lubitz vendo o filme –que estreou faz tempo em outros países, como a Alemanha— e colhendo ideias para pôr em prática seu instinto suicida. A estreia de Relatos Selvagens está em evidência no Reino Unido, mas pelo motivo errado.

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