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Krugman: “As pessoas estão cansadas de esperar o milagre mexicano”

O prêmio Nobel diz que o país tem ferramentas para amortecer a queda do petróleo

David Marcial Pérez
O Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman.
O Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman.EFE

O acadêmico norte-americano Paul Krugman não está muito otimista com o futuro próximo da economia mexicana. “Quando se dará esse milagre mexicano? As pessoas estão se cansando de esperar. Não falamos de um desempenho terrível da economia, mas não é o que se esperava. Duvido que esse milagre aconteça”, afirmou na sexta-feira durante uma conferência organizada pela Câmara Nacional da Indústria mexicana.

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Prêmio Nobel de Economia em 2012, Krugman acabou arrefecendo o nebuloso slogan Mexican moment, que acompanhou o início do governo de Enrique Peña Neto há dois anos. O ambicioso pacote de reformas empreendido logo depois da chegada de Peña Nieto ao poder — mudanças nas legislações energética, financeira, fiscal, de telecomunicações e educacional — despertou um aplauso majoritário entre a comunidade internacional. As profundas medidas liberalizantes em setores-chave da economia do país alentaram eufóricos prognósticos de crescimento para o México. Taxas de 5% e de 6% que, apenas dois anos e meio depois, viram-se reduzidas a menos da metade.

“Querem uma verdadeira decolagem do crescimento econômico, continuam esperando que o México se torne um país como a Coreia do Sul. Mas isso não acontece”, enfatizou o acadêmico. A economia mexicana fechou 2014 com um tímido avanço de 2,1%. E nos três primeiros meses deste ano o Banco do México já deu a primeira tesourada nas expectativas de crescimento, que situou entre 2,5% e 3,5%.

Continuam esperando que o México se torne um país como a Coreia do Sul. Mas isso não acontece”

As mudanças em três dos grandes setores produtivos — energético, financeiro e telecomunicações — demonstraram ser de longo curso e necessitam de mais tempo para provar seus efeitos. Por seu lado, o México sofreu desde finais do ano passado dois embates externos. O desabamento do preço do petróleo, que acumula uma queda superior a 60% desde junho, e a depreciação do peso em relação ao dólar.

Krugman, crítico confesso das medidas de austeridade e de políticas de ajuste no gasto público, questionou a efetividade do acordo de livre comércio assinado entre os EUA e o México em 1994: “Temos 20 anos de liberalização do mercado e se vê claramente que isso não basta”. Entretanto, reconheceu que “o maior atrativo do México é estar perto dos EUA”.

A oportunidade de aproveitar a expansão da indústria norte-americana foi enfatizada pelo acadêmico como uma medida de proteção frente à queda do petróleo. “O México está muito menos vulnerável aos preços do petróleo em comparação com o passado. Agora é um país com um setor exportador mais diversificado, mais orientado para a manufatura do que uma economia baseada na indústria do petróleo”. Desde o começo do ano as indústrias manufatureiras mexicanas foram muito beneficiadas com a revitalização das exportações aos EUA — destino de 80% do total — e, face à debilidade da demanda interna, são um dos principais motores da economia mexicana.

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