_
_
_
_
_

Washington critica “retórica divisiva” usada por Netanyahu na eleição

Declarações do Governo Obama antecipam relação tensa entre dois países após resultado

Netanyahu e Obama na Casa Blanca em 2013.
Netanyahu e Obama na Casa Blanca em 2013.Charles Dharapak (AP)

Em uma antecipação da futura tensão nas relações entre os Estados Unidos e Israel, a reação da Casa Branca à vitória eleitoral de Benjamin Netanyahu teve mais críticas do que felicitações ao primeiro-ministro israelense. O porta-voz do presidente Barack Obama lamentou na quarta-feira a “retórica da divisão” sobre a população árabe-israelense usada por Netanyahu durante a campanha eleitoral.

Mais informações
Um país preso entre ameaças contra segurança e desigualdade
Compromisso perigoso
Um país preso entre ameaças contra segurança e desigualdade
Netanyahu tenta minar negociação dos norte-americanos com o Irã

“Os Estados Unidos e esta administração estão profundamente preocupados pela retórica que busca marginalizar a população árabe-israelense”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em declarações aos jornalistas a bordo do avião presidencial. “Debilita os valores e ideais democráticos (...) que são uma parte importante do que une os EUA e Israel.”

Ainda que não tenha feito uma referência concreta, Earnest referia-se possivelmente ao vídeo divulgado terça-feira nas redes sociais, o dia das eleições, em que, buscando atrair o voto nacionalista, o conservador Netanyahu afirmou: “O governo de direita está em perigo. Os eleitores árabes estão chegando em grandes quantidades aos locais de votação”. Em torno de 20% da população israelense é de origem árabe.

Em outra frente de tensão, Earnest disse que Washington “reavaliará” sua “posição” e os próximos passos depois de, no último dia de campanha, Netanyahu afirmar que se fosse reeleito não haveria um Estado palestino. Nesta quinta, o israelense suavizou sua declaração.

O porta-voz lembrou que durante mais de 20 anos Washington apoiou uma solução de dois estados no conflito entre Israel e Palestina e que a considera “a melhor maneira de suavizar as tensões”. Em abril, foi suspenso o processo de paz entre o Governo israelense e a Autoridade Nacional Palestina, processo que foi intensamente impulsionado pelos EUA e em particular por seu secretário de Estado, John Kerry.

Kerry, mais precisamente, conversou por telefone com Netanyahu na quarta-feira. E Obama prevê fazê-lo nos próximos dias. Washington e Jerusalém mantêm uma relação próxima em matéria de segurança, mas o entendimento se enfraqueceu nos últimos meses.

A relação entre Obama e Netanyahu está em atrito há tempos e se agravou no começo de março quando o primeiro-ministro israelense criticou no Congresso dos EUA – convidado pela oposição republicana e sem avisar a Casa Branca – as negociações de Washington e outras cinco potências com o Irã sobre seu programa nuclear.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_