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China tomará medidas se a economia não crescer o suficiente

Premiê Li Keqiang admite que “não será fácil” alcançar a meta de 7%

M. V. L.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, neste domingo em Pequim.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, neste domingo em Pequim.Lintao Zhang (Getty Images)

A China tomará medidas para estimular a economia se a desaceleração do crescimento afetar o nível de emprego, disse o primeiro-ministro Li Keqiang em sua entrevista coletiva anual no Grande Palácio do Povo, em Pequim, onde admitiu que "não será fácil" para o país cumprir sua meta de crescer 7% em 2015.

Os dados econômicos mais recentes indicam que neste começo de ano a China sofreu sua maior desaceleração desde o início da crise global. Se o crescimento do ano passado já representava a menor taxa em 24 anos (foi de 7,4 %), nesta semana veio o anúncio oficial de que a produção industrial em fevereiro cresceu 6,8% com relação ao ano anterior, menor índice desde novembro de 2008. As vendas no varejo, indicador da demanda interna, e o investimento em ativos fixos também tiveram a menor alta dos últimos anos.

Ao longo de duas horas, na tradicional aparição do premiê ao término da sessão legislativa anual, Li quis transmitir uma mensagem de tranquilidade sobre a segunda maior economia do mundo e sua "nova normalidade", que Pequim descreve como um crescimento de ritmo inferior ao de anos anteriores, porém mais sustentável.

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"Tenho confiança de que, com uma boa coordenação, seremos capazes de manter fundamentos positivos em longo prazo para a economia chinesa", declarou.

Mas, se o crescimento se desacelerar a ponto de colocar em risco os empregos ou a renda dos cidadãos, o Governo está disposto a tomar medidas macroeconômicas específicas "para impulsionar a confiança dos mercados".

Segundo Li, "a boa notícia é que nos últimos anos não recorremos a medidas de estímulo maciças para conseguir crescimento". Por isso, salientou, as autoridades ainda contam com "uma margem bastante ampla" e "muitas ferramentas na caixa" para atuar se julgarem necessário.

Depois de várias intervenções no final de 2014 para revitalizar a atividade econômica, o Banco Popular da China reduziu em fevereiro os juros pela segunda vez em três meses, alegando a "baixa inflação".

Como no ano anterior, Li voltou a se referir a dois importantes fatores de descontentamento para os cidadãos chineses – a corrupção e a poluição –, mas só para repetir quase literalmente comentários anteriores sobre a determinação do Governo em combater ambos os problemas. A alusão de um jornalista ao papel das grandes petroleiras na poluição do ar, uma acusação contida no documentário censurado Under the Dome ("sob a redoma"), ficou sem resposta.

Não foi o único questionamento deixado no ar em um evento que o Governo chinês prepara cuidadosamente e no qual as perguntas estão combinadas de antemão com os jornalistas que as formulam. Li não quis entrar no assunto da soberania da Crimeia nem dar sua opinião sobre o aumento do turismo chinês no Japão, apesar das difíceis relações políticas entre ambos os países. Tampouco sobre como melhorar as relações econômicas com Taiwan ou sobre possíveis reformas na política de natalidade.

Outros assuntos nem sequer chegaram a ser abordados. Como em anos anteriores, perguntas sobre temas como a situação em Xinjiang e no Tibete, o projeto de lei antiterrorista, os direitos humanos e as disputas territoriais da China com seus países vizinhos, consideradas "sensíveis" demais, brilharam por sua ausência.

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