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Polícia do México prende ‘Z-42’, o líder do cartel de narcotráfico Los Zetas

Omar Treviño estava na lista dos sete traficantes mais procurados do país Prisão de criminoso ocorre dias após a detenção do chefe dos Cavaleiros Templário

J. M. A.
Fachada da casa do Z-42, no México.
Fachada da casa do Z-42, no México.DANIEL BECERRIL (REUTERS)

Uma história sangrenta chegou ao fim. Com a prisão nesta madrugada de Omar Treviño Morales, o Z-42, o cartel Los Zetas, a organização que um dia espalhou o terror no México, volta a sofrer um golpe em sua já debilitada estrutura de comando. O traficante foi detido em San Pedro Garza García, Nuevo León, Estado ao norte do México.

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Omar Treviño assumiu o comando do cartel Los Zetas em 2013, depois da queda de seu irmão, Miguel Ángel, o lendário Z-40, conhecido pelas decapitações em massa e pela prática de morder o coração de suas vítimas. Sua passagem pela chefia desse cartel coincidiu com seu declínio. Imersa em contínuas guerras com outros grupos e atacada com o principal alvo pelo Exército, a organização viu suas fileiras perderem força e seus redutos desaparecerem nos últimos anos.

Ainda assim, a captura de Treviño, acusado de estar envolvido diretamente em terríveis casos como o desaparecimento de 300 pessoas em Coahuila em 2011 devido a uma vingança, representa um novo avanço na luta contra o crime para o Governo do presidente Enrique Peña Nieto, que na semana passada conseguiu capturar Servando Gómez Martínez, conhecido como La Tuta, líder dos Caballeros Templarios.

Em seus dois anos como presidente, os principais líderes do tráfico de drogas, como Joaquín El Chapo Guzmán, foram eliminados do mapa. Esse avanço coincidiu com uma fragmentação das grandes organizações criminosas, que deram lugar a uma constelação de pequenas facções que disputam o ouro deixado por seus irmãos mais velhos. Um fenômeno do qual os Los Zetas não conseguiram escapar. No norte do México, em Estados como Tamaulipas, a organização se envolveu em uma virulenta guerra contra o cartel do Golfo, o que acabou minando sua estrutura. Enfraquecidos, suas atividades são conduzidas por pequenos grupos de pistoleiros que trocam de lado continuamente e cuja definição territorial é quase impossível de estabelecer.

Omar Treviño assumiu o comando dos Los Zetas em 2013, depois da queda de seu irmão, o lendário Z-40, conhecido por morder o coração de suas vítimas

Poucos duvidam que os Los Zetas agora vivem seu declínio. Estão longe os dias em que o extremo sadismo de seus integrantes os fez brilhar com luz própria no tenebroso mundo do tráfico de drogas. Formados por desertores do Exército mexicano, a organização começou como o braço armado do cartel do Golfo, liderado por Osiel Cárdenas (capturado no México em 2003 e condenado em 2010 nos EUA), para fazer frente aos seus rivais. Submetia seus inimigos a torturas brutais, os mutilavam e os decapitavam; o Z-40 arrancava os corações de suas vítimas ainda vivas.

Muitas vezes gravavam suas aberrações em vídeo e as postavam no YouTube. Quando queriam que os corpos desaparecessem, eliminavam os rastros com diesel ou ácido, os queimavam em barris de óleo em chamas. Por volta de 2010, cada vez mais fortes e enlouquecidos, romperam com o cartel do Golfo. Foi então quando iniciaram uma terrível expansão que espalhou cadáveres decapitados durante anos pelo território mexicano. A queda do Z-40 em 2013, o constante enfraquecimento com a intervenção do Exército e também sua própria incapacidade para dominar pacificamente um território contribuíram para o declínio do cartel.

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