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Rajoy: “Nós não somos culpados pela frustração criada por Tsipras”

Presidente do Governo espanhol acusa o premiê de prometer o que não podia cumprir

Rajoy, durante o comício do PP em Sevilla.Foto: atlas | Vídeo: ALEJANDRO RUESGA / atlas
Luis Barbero

O presidente do Governo, Mariano Rajoy, respondeu, na manhã deste domingo, à acusação do primeiro ministro grego Alexis Tsipras de que os governos conservadores de Espanha e Portugal tentam sabotar seu projeto político com algemas na União Europeia.

Rajoy, em um ato do Partido Popular em Sevilha, referiu-se ao Syriza, o partido de Tsipras, como a “esquerda radical”, e que o problema dele é ter prometido aos gregos “o que não podia cumprir”. “Não somos responsáveis pela frustração da esquerda radical grega, que prometeu o que não podia cumprir, como ficou demonstrado”.

Que todos cumpram com suas obrigações e compromissos, como nós fizemos

“Buscar um inimigo de fora é um truque que vimos muitas vezes ao longo da história, mas isso não resolve os problemas, apenas os agrava”, acrescentou. “A única maneira é ser sério, é não prometer o que sabe que não pode cumprir”, insistiu, referindo-se a Tsipras.

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Em um comício no parque temático Ilha Mágica, diante de aproximadamente 2.000 militantes, para apresentar os 109 candidatos do PP às eleições da Andaluzia no próximo dia 22 de março, o presidente do Governo recordou os 26 bilhões de euros que a Espanha emprestou à Grécia “em um momento de dificuldade” para os cofres públicos. “Que todos cumpram com suas obrigações e compromissos, como nós fizemos. Senão, é impossível construir a União Europeia”, afirmou o presidente do Governo, que disse que a Espanha continuará sendo “solidária” com o “povo grego”.

No último 25 de fevereiro, depois de complicadas negociações, a União Europeia e o FMI aceitaram o plano de reformas da Grécia para fechar o acordo pelo qual se amplia a ajuda financeira a esse país até junho. Esse acordo motivou críticas internas no Syriza, a formação de esquerda comandada por Tsipras, que primeiro tentou fechar a ferida aberta e, mais tarde, respondeu com ataques aos governos de Espanha e Portugal.

Buscar um inimigo fora é um truque que já vimos muitas vezes ao longo da história

Em um ato do seu partido, o primeiro-ministro grego censurou, no sábado, a atitude dos executivos conservadores da Europa mediterrânea. “Seu plano era e é desgastar, derrubar ou levar o nosso governo a uma rendição incondicional antes que o exemplo grego afete outros países. E, especialmente, antes das eleições da Espanha,” afirmou Tsipras, cuja chegada ao poder foi celebrada na Espanha pelo Podemos e pela Izquierda Unida, que vem no Syriza o machado que pode romper as políticas de austeridade na União Europeia que castigaram especialmente os países da Europa mediterrânea.

O governo português, do conservador Pedro Passos Coelho, já enviou, no sábado, sua reclamação formal aos presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, e da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e considerou as afirmações de Tsipras “falsas, inéditas e impróprias de um líder europeu”.

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