_
_
_
_
_

Anistia Internacional denuncia o uso de balas nos protestos na Venezuela

Organização alerta sobre o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança

Um homem atende jovem baleado na segunda-feira durante um protesto em San Cristóbal, na Venezuela.
Um homem atende jovem baleado na segunda-feira durante um protesto em San Cristóbal, na Venezuela.AP

Restrição da liberdade de reunião, prisões arbitrárias, perseguição à oposição e torturas. E uso excessivo da força na repressão aos protestos antigovernamentais. Um ano depois das multitudinárias manifestações que dividiram a Venezuela, o relatório anual da Anistia Internacional é uma dura denúncia contra a escalada de violência que o país vive. Ao menos 43 pessoas perderam a vida e mais de 870 ficaram feridas durante as marchas a favor e contra o Governo entre fevereiro e julho do ano passado e mais de 3.000 pessoas foram presas. No fim de 2014, 70 ainda continuavam detidas.

Mais informações
Policial que atirou em estudante em protesto é detido na Venezuela
Maduro aprofunda a repressão a líderes da oposição
Prefeito de Caracas é indiciado por conspirar contra Governo Maduro
Sob pressão, Brasil sobe o tom e critica medidas contra opositores
Radicalização na Venezuela, por M. A. BASTENIER

No relatório, cuja publicação acontece um dia depois da morte de um estudante baleado por um policial no estado de Táchira, a organização de defesa dos Direitos Humanos destaca que “as forças de segurança empregaram força excessiva para dispersar os protestos” e alerta sobre o “uso de munição real a curta distância contra pessoas desarmadas” ou de “gás lacrimogêneo e balas de borracha em espaços fechados”. A Anistia lembra, entre outros abusos, do caso da estudante Geraldín Morteno, que em fevereiro do ano passado foi vítima de um disparo de bala de borracha a curta distância e morreu três dias depois.

Torturas e maus-tratos

Depois de alertar sobre as dezenas de detenções arbitrárias que aconteceram no último ano, a Anistia demonstra preocupação pelas denúncias de atos de violência e torturas cometidas por membros das forças de segurança. Ainda em Táchira, ao menos 23 pessoas foram presas em uma operação conjunta da Guarda Nacional e do Exército na cidade de Rubio. “Enquanto se encontravam sob custódia – diz o relatório – receberam chutes, pancadas e ameaças de morte e de violência sexual. Todas as pessoas presas, homens e mulheres, permaneceram trancadas durante várias horas no mesmo lugar com os olhos vendados. Podiam ouvir como apanhavam as pessoas que estavam ao lado. Ao menos uma das pessoas detidas a foi obrigada a olhar como outra recebia uma surra. Gloria Tobón foi encharcada de água e recebeu descargas elétricas nos braços, seios e órgãos genitais. Foi ameaçada e lhe disseram que a iriam matá-la e enterrá-la em pedaços”. No fim de 2014, a investigação sobre essas denúncias não havia sido concluída.

A Anistia também dedica uma parte do texto sobre a Venezuela para denunciar as prisões de representantes da oposição, em um sistema judicial “sujeito a ingerências governamentais”. A de maior destaque é a da líder do partido Voluntad Popular, presa há um ano.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_