Suspeita de crime financeiro ronda o sucessor de Graça Foster
MPF estuda abertura de inquérito por empréstimos do BB com recursos do BNDES
O Ministério Público Federal está prestes a abrir um inquérito judicial para apurar se o Banco do Brasil, e seu atual presidente, Aldemir Bendine, que foi escolhido nesta sexta-feira para assumir a Petrobras, estão envolvidos em um processo que pode configurar crime financeiro. Empréstimos concedidos pelo banco à socialite Val Marchiore, e a seus parentes, teriam seguido procedimentos suspeitos, segundo o MPF. A procuradoria regional solicitou documentos ao Banco do Brasil para saber se a concessão de um crédito de 2,7 milhões de reais, a juros subsidiados do BNDES, teriam sido feitos de forma irregular. Marchiore, inclusive, era devedora do BB, o que, em tese, deveria limitar o acesso ao crédito.
O BNDES concede linhas de créditos para empresas, mas os recursos obtidos por Marchiore, amiga de Bendine, seriam para sua utilização como pessoa física. O processo foi aberto no ano passado. Várias pessoas já foram ouvidas, entre elas, o ex-motorista de Bendine, que revelou ter conduzido o agora ex-presidente do BB a diligências em que transportou sacolas de dinheiro. À época das denúncias, Bendine negou as acusações de que teria autorizado a 'exceção'.
O Ministério solicitou documentos para esclarecer os empréstimos feitos a Val Marchiore, mas o banco negou-se a apresentá-los. A procuradoria responsável pelo caso teve de entrar com uma ação judicial para obter os papeis solicitados.
O novo presidente da Petrobras já esteve envolvido em outra polêmica, em 2010, quando a mídia divulgou que o executivo havia comprado um apartamento no interior de São Paulo pagando cerca de 130.000 reais em dinheiro vivo. O fato gerou estranheza à época por ele ser um executivo que incentiva os demais a depositar suas economias em banco. Agora, terá de responder pelos seus fantasmas do passado para provar que está à altura das expectativas num dos cargos mais importantes no Governo de Dilma Rousseff.