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EUA começam 2015 com ritmo sólido de criação de empregos

A taxa de desemprego subiu para 5,7%, porque mais pessoas estão buscando trabalho

Norte-americanos se inscrevem para vagas de emprego.
Norte-americanos se inscrevem para vagas de emprego.JOE RAEDLE (AFP)

Wall Street olhou para Washington em busca de uma direção nos detalhes do primeiro relatório sobre o mercado de trabalho do ano para antecipar os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e encontrou muitas coisas positivas, que justificariam a alta das taxas de juros. A economia dos Estados Unidos abriu 257.000 vagas em janeiro, mais do que o esperado apesar de estar abaixo dos 329.000 postos registrados em dezembro. A taxa de desemprego subiu 0,1 ponto percentual, para 5,7%, já que mais pessoas estão em busca de trabalho.

Desta vez, o indicador de janeiro não foi distorcido pelo efeito das fortes nevascas, como no ano passado, quando o país criou 144.000 empregos. Os dados de novembro também foram revisados para cima, para 423.000 vagas, o melhor resultado no setor privado desde 1997. As contratações, portanto, avançam de forma consistente. Nos últimos 12 meses, o ritmo de criação de empregos nos EUA ficou acima de 200.000, nível que não era registrado desde 1994.

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No entanto, as empresas continuam mostrando certa cautela, cinco anos depois da grande recessão e isso explicaria em grande medida porque os salários não sobem no ritmo esperado, em um mercado de trabalho que se aproxima de uma situação de pleno emprego e com uma economia que cresce acima de seu potencial. O mercado esperava um aumento da renda, depois de uma inesperada queda de 0,2 ponto percentual em dezembro. As previsões foram confirmadas, com uma alta de 0,5% no mês passado.

Os ganhos por hora trabalhada subiram apenas 2,2% nos últimos 12 meses. Também nesse caso se aproximam do nível máximo do período pós-crise, mas deveria alcançar 3% para dar solidez à recuperação da economia real. Isso pode ser explicado pelo fato de que ainda existem 6,8 milhões de pessoas que são forçadas a trabalhar em tempo parcial ou porque ainda há mais pessoas em busca de emprego do que vagas disponíveis.

O desemprego, no entanto, subiu 0,1 ponto percentual com o avanço de 0,2 ponto percentual da taxa de participação, para 62,9%. Outro fator foi a expansão do mercado de trabalho em janeiro, com 435.000 pessoas ocupadas. Ou seja, as pessoas estão mais confiantes de que agora podem encontrar trabalho. Com isso, o número de pessoas que não procuram emprego de maneira ativa caiu em 2,2 milhões, 360.000 a menos do que no mês anterior.

Próxima alta de juros

É a segunda vez em onze anos que o dado de janeiro vem melhor do que as previsões de Wall Street. O atual ritmo de criação de empregos, 336.000 ocupados durante os últimos três meses, reacende o debate sobre se o Fed não estaria muito atrasado em sua estratégia. As taxas de juros estão estáveis em 0% há seis anos. Depois da última reunião em janeiro, o banco central norte-americano repetiu que será “paciente” no processo de normalização da política monetária.

Uma alta dos juros em abril está descartada. Quando ocorrer, será o primeiro aumento desde junho de 2006. Volta a ganhar força a ideia de que o encarecimento do dinheiro chegue em junho, embora a taxa de inflação ainda dê margem para que que o aumento dos juros seja adiado para julho ou setembro. Entre os fatores que poderiam justificar essa estratégia estão o desaquecimento da economia global, a divergência da política monetária norte-americana em relação às outras nações desenvolvidas e a recuperação do dólar.

Charles Plosser, presidente do Federal Reserve da Filadélfia, acredita que é cada vez mais difícil justificar que o banco central do país continue sem subir os juros. A inflação moderada, afirma, é temporária e há muito drama sobre o efeito do dólar no setor exportador. Em sua opinião, os dados de emprego são um sinal de que é preciso abandonar a ideia de que os EUA estão encurralados em uma crise permanente. Na próxima reunião, marcada para março, o Fed poderia eliminar a referência “paciente” no comunicado.

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