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Governo grego diz não reconhecer a ‘troika’ como interlocutora

“Não estamos dispostos a trabalhar com uma comissão que não tem razão de ser”

María Antonia Sánchez-Vallejo
ATENAS (ENVIADA ESPECIAL) -
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem (à esq.), e o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, na sexta-feira em Atenas.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem (à esq.), e o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, na sexta-feira em Atenas.KOSTAS TSIRONIS (REUTERS)

O novo Governo grego endureceu nesta sexta-feira sua postura com relação à troika de credores, anunciando, por intermédio do seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que Atenas não reconhece a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu como interlocutores válidos para negociações sobre o programa de resgate financeiro. “Não estamos dispostos a trabalhar com uma comissão [a troika] que não tem razão de ser, inclusive do ponto de vista do Parlamento Europeu”, disse Varoufakis em entrevista coletiva após receber a visita de Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo (instância formada por ministros de Finanças da zona do euro e por outras autoridades financeiras da União Europeia).

Varoufakis recordou que o novo Governo esquerdista da Grécia “foi eleito com um programa que rejeita o atual programa de resgate e o pagamento da dívida”, que atinge 175% do PIB grego. O ministro das Finanças, no entanto, salientou a intenção do Executivo do premiê Alexis Tsipras de cooperar plenamente com seus sócios europeus. Varoufakis inicia neste domingo uma rodada de reuniões que o levará a Londres, Paris e Roma. “Tentaremos convencer todos nossos sócios [...] de que devemos achar uma solução que beneficie o interesse comum europeu”, afirmou.

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Dijsselbloem, por sua vez, recordou que o programa de resgate “estende-se até o final de fevereiro” e observou que o Eurogrupo ainda não tomou nenhuma decisão a respeito de sua prorrogação. “Logo decidiremos o que fazer”, disse.

Mas o holandês já descartou taxativamente a possibilidade de convocar uma conferência sobre a dívida grega, o que é uma das principais reivindicações do novo Executivo do país – a qual foi formalmente comunicada por Varoufakis ao presidente do Eurogrupo. “Essa conferência já existe e se chama Eurogrupo”, disse Dijsselbloem em tom cortante. O Eurogrupo “se compromete a ajudar a Grécia apenas se a Grécia cumprir seus compromissos”, insistiu.

Ele também observou que “os problemas da economia grega não desapareceram com as eleições” de domingo passado, vencidas pelo partido Syriza com 36% dos votos. Dijsselbloem estimulou Atenas a manter as reformas que foram empreendidas pela Grécia sob exigência da troika em troca de dois resgates financeiros, num valor total de 240 bilhões de euros (728,1 bilhões de reais, pelo câmbio atual). “Os gregos passaram por muita coisa nestes últimos anos, foram feitos muitos progressos, e é importante não colocar tudo a perder”, afirmou Dijsselbloem, que foi a Atenas para se informar sobre a pauta financeira do novo Governo.

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