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Centenas de argentinos reclamam justiça no cortejo de Nisman

“Os que te conhecemos sabemos que não foi decisão tua”, disse ex-mulher de promotor

Francisco Peregil
Restos do promotor Nisman chegam ao cemitério no município de La Matanza.
Restos do promotor Nisman chegam ao cemitério no município de La Matanza.MARTIN ACOSTA (REUTERS)

Os restos do promotor Alberto Nisman foram enterrados na quinta-feira em uma cerimônia religiosa fechada ao público no cemitério judeu de La Tablada, no município bonaerense de La Matanza. Embora tanto o enterro quanto o velório do dia anterior no bairro portenho de Belgrano foram realizados na intimidade, o cortejo fúnebre que transportou os restos de Nisman foi aplaudido por centenas de argentinos que gritaram “justiça”, cantaram o hino do país e mostraram cartazes onde se podia ler “Todos somos Nisman”.

Durante a cerimônia de despedida no cemitério, a ex-esposa de Nisman e mãe de seus dois filhos, a juíza Sandra Arroyo Salgado, leu uma mensagem de despedida escrita por suas filhas e depois disse: “Os que que o conheceram sabem que isto não foi sua decisão. Temos a certeza de que isto foi obra de outras pessoas”, segundo informa o jornal Clarín.

Os legistas que realizara a autópsia de Nisman – que em 19 de janeiro foi encontrado morto no banheiro de sua casa com um tiro na têmpora – afirmaram que não houve intervenção de terceiros em sua morte. Mas boa parte da sociedade está convencida de que o promotor, encarregado de investigar o atentado terrorista contra a Associação Mutual Israelense de Buenos Aires e que tinha acusado a presidenta Cristina Fernández de encobrimento do Irã, foi assassinado. Por isso, centenas de argentinos aproveitaram a passagem do cortejo fúnebre para voltar a reclamar justiça, assim como fizeram milhares de pessoas na segunda-feira, dia 19 de janeiro nas principais cidades do país.

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As filhas de Nisman, Lara e Kala, menores de idade, publicaram uma mensagem de despedida na seção de anúncios fúnebres do jornal La Nación: “Papai, nós, suas filhas, Lara e Kala, só precisávamos de você, sua presença para dividir os bons momentos. Hoje nos despedimos de você, sabendo de sua dedicação ao trabalho. Esperamos que agora possa estar em paz. Nós guardamos em nosso coração os lindos momentos vividos juntos.” Junto à mensagem das meninas, a ex-esposa de Nisman escreveu: “Transito este momento com desconcerto e profunda dor por nossas filhas. Despeço-me de você com o desejo de que encontre a paz, que sua entrega ao trabalho não permitiu que desfrutasse com plenitude.”

Durante a tarde e noite da quarta-feira, foi realizado o velório de Nisman ao qual assistiram, entre outros, o embaixador dos Estados Unidos, Noah Mamet, e os principais dirigentes da comunidade judaica argentina. À tarde, vários participantes destruíram a coroa de flores enviada pela promotora-geral, Alejandra Gils Carbó, que é classificada pela imprensa mais crítica ao Governo de “ultrakirchnerista”. A promotora foi recebida entre vaias, insultos e assobios por dezenas de pessoas que se encontravam fora do recinto onde era realizado o velório.

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