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NASA apresenta projeto de investigação com gêmeos astronautas

Agência vai estudar irmãos idênticos com um no espaço e o outro na Terra

Manuel Ansede
Gêmeos astronautas Scott e Mark Kelly.
Gêmeos astronautas Scott e Mark Kelly.NASA

O astronauta norte-americano Scott Kelly e o cosmonauta russo Mikhail Kornienko vão decolar em 27 de março da Terra para iniciar a primeira missão de um ano a bordo da Estação Espacial Internacional, com distância de 400 quilômetros de altura do planeta. “Será a primeira vez desde os anos noventa que alguém ficará um ano no espaço”, destacou a cientista-chefe da NASA para a estação, Julie Robinson, durante a apresentação da missão. O recorde atual de permanência no espaço pertence ao cosmonauta russo Valeri Poliakov, que passou 437 dias entre 1994 e 1995 na estação espacial Mir, de origem soviética, desativada em 2001.

Uma das grandes novidades da missão é que Kelly tem um irmão gêmeo, Mark, que também é astronauta e infelizmente conhecido por ser marido da ex-parlamentar norte-americana Gabrielle Giffords, que levou um tiro na cabeça em 2011, na cidade de Tucson (Arizona). Mark, que comandou a última missão do ônibus espacial Endeavour, será objeto de estudos biomédicos em terra enquanto seu irmão gêmeo permanecerá a bordo da estação espacial.

“Os valiosos dados científicos obtidos nos darão uma ideia de como o corpo humano responde a períodos mais longos no espaço, apoiando a próxima geração da exploração espacial”, afirma a NASA. A agência espacial norte-americana planeja enviar humanos a Marte na década de 2030.

Estudo lembra o famoso paradoxo dos gêmeos apresentado por Albert Einstein, mas não analisa a passagem do tempo

Para Robinson, a “pesquisa de vanguarda” com os gêmeos Kelly ajudará a “entender as bases genéticas das doenças e outros processos que afetam os astronautas”. O estudo dos irmãos tentará iluminar os efeitos no ser humano da radiação, microgravidade e o confinamento típico dos voos espaciais. Para isso, os cientistas colherão várias amostras de sangue, saliva, urina e fezes de ambos os irmãos.

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A experiência remete ao famoso paradoxo dos gêmeos apresentada por Albert Einstein em 1911: se um irmão viaja pelo espaço a velocidades próximas à da luz, e seu gêmeo permanece na Terra, em seu retorno o astronauta será mais jovem do que o que ficou em casa. No entanto, o estudo dos irmãos Kelly não analisará a passagem do tempo, já que Scott dará voltas na Terra a apenas 28.000 quilômetros por hora, muito aquém dos 300.000 quilômetros por hora alcançados pela luz.

O que os cientistas irão de fato estudar são os efeitos dos voos espaciais nos telômeros, estruturas que protegem as extremidades dos cromossomos humanos (onde se encontram os genes) da mesma maneira que um gomo de cabelo evita que uma trança se desfaça. Na Terra, os telômeros encurtam à medida que envelhecemos.

Durante a missão de um ano, os astronautas realizarão até 500 estudos diferentes, segundo a NASA. Depois de aterrissar novamente no Cazaquistão, Kelly e Kornienko tentarão desempenhar tarefas semelhantes às primeiras que seriam realizadas por um astronauta recém-chegado a Marte, como levantar do solo e mover rochas de lugar, segundo informou Robinson.

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