_
_
_
_
_

Todas as grandes moedas caem diante da aceleração do dólar em 2014

Rublo russo sofre a maior queda, enquanto euro perde 12%

Amanda Mars

Todas as grandes moedas do mundo estão apequenadas diante do dólar. O ano de 2014 foi da divisa norte-americana. Sua aceleração demonstra a robustez da recuperação econômica do país frente a uma Europa e a um Japão mancos e indica um clima de incerteza que leva os investidores a se resguardarem na moeda de referência. O início de 2015 nos mercados vem determinado por um dólar caro e um petróleo barato.

Mais informações
Quem ganha e quem perde com a valorização do dólar?
Baixa do petróleo faz rublo ter a maior desvalorização desde 1999
Crise na Rússia aumenta pressão sobre a economia brasileira
Rumo a uma nova ordem petrolífera global

Esses dois fatores – a drástica redução do preço do petróleo e a desvalorização do euro – estão por trás das revisões para cima dos analistas em relação às perspectivas da economia espanhola, que há poucos meses beirava a recessão, e do conjunto da zona do euro. No entanto, em 2015, a recuperação terá que lutar contra altos níveis de desemprego e dívidas em muitas economias europeias, inclusive a espanhola. E será posta à prova nas próximas semanas com a crise política na Grécia. As propostas do Syriza, o partido com maior apoio nas pesquisas de intenção de votos gregas, despertam grande receio em Bruxelas e nos principais investidores financeiros.

No mercado mundial de divisas, o rublo russo foi o que sofreu a maior queda diante das “verdinhas”, arrastado pelo conflito na Ucrânia: 45,88%. O peso argentino e o peso colombiano (ambos com uma queda de 22,98%) continuam sendo as moedas mais castigadas frente ao dólar, enquanto o euro perdeu 11,97% de seu valor. No fim de 2013, cada euro valia 1,376 dólares, enquanto agora o câmbio é de 1,210, o valor mais baixo dos últimos dois anos, em um momento em que o custo do dinheiro da zona do euro está em quase zero e o Banco Central Europeu está implementando um programa de fortes injeções monetárias. Isso significa que os produtos europeus estão mais baratos para os norte-americanos, e as compras nos Estados Unidos saem mais caras para os sócios do euro, uma lógica que se repete também no setor do turismo.

O iene japonês teve um desempenho um pouco pior do que o do euro, com uma queda de 12,08%, em meio a uma onda de estímulos monetários reforçados no final do ano diante da persistente fragilidade da economia do Japão.

Os títulos espanhóis disparam e o Ibex 35 encerra 2014 com um tímido crescimento

Entre as grandes divisas que resistiram melhor ao confronto com o dólar estão o dólar de Hong Kong (queda de 0,01%), a rupia indiana (-1,97%), o renminbi chinês (-2,44%) e o dólar de Cingapura (-4,72%). A libra esterlina salvou o ano com uma queda de 5,92%.

A disparada da moeda norte-americana ocorreu paralelamente à queda do preço do petróleo, que se encontra no nível mais baixo dos últimos cinco anos, em parte por causa de uma menor demanda global – apesar de os bancos centrais terem inundado os mercados de liquidez – e ao aumento da oferta por parte dos Estados Unidos com a técnica da fratura hidráulica. Além disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não reagiu à queda acentuada do preço cortando a produção. O petróleo brent, referência na Europa, caiu 48,2%, enquanto o West Texas, dos Estados Unidos, ficou 45,8% mais barato em 2014.

No caso da Espanha, que está há um ano e meio fora da recessão, os títulos públicos foram os grandes beneficiados. O maior investimento nos títulos de dívida soberanos levou a uma redução dos juros que seus compradores exigem. Assim, os bônus a 10 anos encerraram 2014 com a rentabilidade mais baixa de sua história, 1,58%, quando há dois anos e meio, no auge da crise, estava em 7,5%.

O Euribor, índice de referência para as hipotecas, permanece em um mínimo histórico

Nessa linha, a diferença entre os juros que o mercado pede aos títulos espanhóis em relação aos alemães, considerados o principal refúgio, começou 2014 em 222 pontos básicos (ou 2,22 pontos percentuais) e acabou em 110 pontos (1,1 pontos percentuais). Ou seja, o chamado prêmio de risco da Espanha encolheu um ponto percentual no ano. O da Itália, que está novamente em recessão, também encolheu em 84 pontos básicos, em um momento de alta liquidez para os investidores da zona do euro.

O crédito começa a ficar mais barato. O Euribor, principal índice de referência dos empréstimos hipotecários na Espanha, encerrou o ano de 2014 em 0,329%, seu mínimo histórico. Em dinheiro vivo, para uma família com um empréstimo médio de 140.000 euros para ser pago em 25 anos e com um diferencial de 0,5%, isso significa uma economia anual de cerca de 160 euros.

A melhora chega mais tímida à renda variável, ou seja, a Bolsa. Ainda que o Ibex 35 tenha recuperado os 10.000 pontos que não tinha desde 2009, o aumento anual (de 3,66%) é muito inferior ao salto de 21% de 2013. Mesmo assim, é um dos maiores ganhos entre as grandes praças europeias. Londres terminou 2014 com uma queda de 2,7%, Paris, com meio ponto negativo, e Milão, com uma alta de apenas 0,2%. Frankfurt apresentou uma melhora de 2,65%.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_