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As Farc vão libertar o soldado sequestrado antes do cessar-fogo

A guerrilha colombiana anuncia que libertará um militar sequestrado na véspera do início de sua trégua em um combate no qual morreram cinco oficiais

Um policial colombiano na cena do combate em 19 de dezembro.
Um policial colombiano na cena do combate em 19 de dezembro.C. E. (efe)

A guerrilha das Farc, que começou um cessar-fogo unilateral e indefinido no último 20 de dezembro, o primeiro em 50 anos de conflito armado, anunciou em um comunicado que nos próximos dias vai libertar um soldado que foi sequestrado por um dos rebeldes no norte do departamento de Cauca, no sul da Colômbia, poucas horas antes do início da hora zero da trégua no último sábado.

“No dia de hoje começou o protocolo humanitário especial para a libertação do soldado”, diz o texto, que explica que o militar tem lesões “leves” causadas durante o combate que ocorreu na madrugada da sexta-feira, 19 dezembro.

O soldado Carlos Becerra (25 anos) foi capturado por guerrilheiros da frente Sexta das FARC no meio de uma emboscada contra um comboio militar que deixou cinco soldados mortos e outros cinco feridos.

No começo, foi dito que Becerra estava desaparecido, mas logo o exército confirmou seu sequestro, exigiu a sua libertação imediata e desencadeou uma intensa operação de busca. Os militares que morreram protegiam as máquinas usadas para construir uma estrada e, de acordo com o relatório da Medicina Legal do Instituto Médico Legal do Estado, primeiro foram feridos por explosivos e, em seguida, receberam disparos a menos de um metro de distância.

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Horas antes deste anúncio, a guerrilha tinha lançado uma outra declaração na qual confirmava sua declaração de cessar-fogo unilateral e indefinido, um gesto que foi valorizado pelo presidente Juan Manuel Santos como um primeiro passo para começar a diminuir a intensidade do conflito, uma das questões que mais deixam os colombianos ressentidos já que não conseguem entender como a paz pode sendo negociada em Havana entre representantes do Governo e das FARC, enquanto a guerra continua na Colômbia.

A premissa de não parar a perseguição dos rebeldes enquanto ocorre o diálogo em Cuba é, por enquanto, um dos princípios firmes do presidente Santos, pois não quer que se repitam experiências do passado, nas quais as FARC aproveitaram as tréguas para se fortalecer militarmente.

Em outro comunicado divulgado nesta quinta-feira, as FARC expuseram seu desejo de paz a policiais e militares

Para as Farc, o cessar-fogo que declararam, além de ser, segundo eles, um gesto para as vítimas, que tinham pedido isso várias vezes, também é um “gesto de humanidade” para os soldados e policiais. “Se realmente o que queremos é o fim do conflito, tal como está colocado na Agenda [de negociações de paz], não faz sentido ter mais mortos, feridos e afetados por causa disso”, diz a declaração antes do anúncio da libertação do soldado sequestrado.

No texto também insistem que a trégua deve ser verificada por meio de um organismo internacional, algo que Santos descartou, já que a verificação, conforme foi decidido quando começaram as conversações há dois anos, será feita no final das negociações, pensando em um “cessar-fogo bilateral e definitivo”.

No entanto, a guerrilha acredita que agora é necessário porque nas anteriores tréguas temporárias que foram decretadas ao longo do processo de paz, durante a época de Natal e outras durante as eleições presidenciais, “os inimigos da reconciliação nacional desqualificaram nossa conduta”. Em geral, as organizações independentes que monitoram o conflito na Colômbia concordaram que as FARC cumpriram as tréguas anteriores.

Finalmente, as FARC reiteraram seu apelo para Santos suspenda as operações militares e lembram que a trégua será rompida se seus homens forem atacados, uma situação que poderia ocorrer, já que o presidente colombiano disse que as Forças Armadas continuarão cumprindo a lei.

Na sua declaração, os guerrilheiros apostam em um cessar-fogo das duas partes: “Somos otimistas de que a sensatez e a razão acabarão por prevalecer... Vocês (soldados e policiais) e nós, que conhecemos a realidade do confronto, sabemos que ninguém quer ser o último morto de uma guerra que está a caminho de sua conclusão”.

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