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Raúl Castro: “Luta para acabar com o bloqueio será longa e difícil”

Presidente diz que EUA deve respeitar sistema comunista de Cuba e confirma ida à cúpula

Raúl Castro neste sábado na Assembleia Nacional cubana.
Raúl Castro neste sábado na Assembleia Nacional cubana.ENRIQUE DE LA OSA (REUTERS)

Em discurso no encerramento de sessões da Assembleia Nacional neste sábado, o presidente de Cuba, Raúl Castro, confirmou seu comparecimento à Cúpula das Américas em abril no Panamá, que também terá a participação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Sobre o degelo iniciado esta semana nas relações com os Estados Unidos, advertiu que a “luta” para acabar com o bloqueio “será longa e difícil”, razão pela qual é importante que a comunidade internacional e a opinião pública dos EUA mantenham a pressão nesse sentido.

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A cúpula do Panamá será uma oportunidade ímpar para o primeiro encontro da nova era entre Obama e Castro, que expressou no sábado a intenção de ir à reunião com vontade de entendimento: “Agradeço o convite do presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, para participar da sétima cúpula das Américas e confirmo que assistirei para expressar nossas posições com sinceridade e respeito por todos os chefes de Estado e de governo, sem exceção”, disse diante do plenário dos deputados do Partido Comunista.

“A participação de Cuba é resultado do sólido e unânime consenso da América Latina e do Caribe devido a uma nova era”, acrescentou. Recordou o papel desempenhado pela “permanente pressão” da Aliança Bolivariana para os Povos da América (ALBA) pela eliminação das velhas e vergonhosas sanções a Cuba, estabelecidas em 1962 pela Organização dos Estados Americanos”. Esta seria a primeira vez em que a ilha participa de uma cúpula do sistema interamericano.

Raúl Castro pediu que os Estados Unidos respeitem o sistema comunista -“Assim como respeitamos o sistema político dos Estados Unidos, exigimos o respeito ao nosso”- e destacou que, embora a decisão de restabelecer as relações com os Estados Unidos seja um “passo importante”, “ainda falta resolver o essencial”, que é o fim do embargo.

O presidente cubano agradeceu a vontade de Obama de normalizar os vínculos com Cuba, logo depois de ambos os mandatários anunciarem na quarta-feira o restabelecimento das relações diplomáticas entre Washington e Havana, rompidas havia 53 anos. O dirigente também saudou a intenção expressa por Obama de propor ao Congresso dos Estados Unidos a abolição das leis do embargo econômico e comercial contra Cuba, vigentes desde a década de 1960.

Raúl Castro aproveitou para manifestar seu apoio à Venezuela e criticou a decisão do Congresso americano de impor sanções ao Governo Maduro pela repressão aos protestos de fevereiro. “Continuaremos dando nosso apoio diante das tentativas de desestabilizar o Governo legítimo do companheiro presidente Nicolás Maduro Moros e rechaçamos a pretensão de impor sanções a essa nação irmã”. A decisão adotada por Washington implica o congelamento de ativos e denegação ou anulação de vistos de várias dezenas de funcionários vinculados à repressão dos protestos estudantis em cinco capitais da Venezuela, onde morreram 43 pessoas em circunstâncias diversas.

A Assembleia Nacional cubana também recebeu neste sábado em ato oficial cinco agentes cubanos libertados pelos Estados Unidos, sendo três deles na quarta-feira, como parte da aproximação diplomática que poderá levar ao fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos há mais de meio século.

Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerreiro, Fernando González e René González, conhecidos conjuntamente como Os Cinco, assistiram junto com familiares à sessão de encerramento da atual legislatura.

Entre os convidados estavam também Elián González, que aos sete anos, em 2000, foi o protagonista de um dos últimos incidentes diplomáticos com os Estados Unidos, e Orlando Villavicencio, militar cubano que passou quase 11 anos preso na Somália.

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