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Raúl Castro: “O principal não está resolvido. O bloqueio deve acabar”

Cubano diz que seu país e EUA devem aprender a arte de conviver em forma civilizada

Raúl Castro durante discurso na TV nesta quarta-feira.Foto: atlas

Depois de cinco décadas isolamento mútuo, o presidente Raúl Castro anunciou aos cubanos o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos durante um breve discurso transmitido nesta quarta-feira por todas as rádios e emissoras de televisão da ilha. Os governos de Washington e Havana chegaram a essa decisão depois de uma conversa telefônica entre os presidentes Castro e Barack Obama na terça-feira à noite, durante a qual também foi acordada a libertação na ilha do empreiteiro norte-americano Alan Gross e de outros presos pelos quais os Estados Unidos tinham manifestado interesse, e a libertação em território norte-americano dos três cubanos da Red Avispa condenados em 2001 por delitos de espionagem.

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"Resultado de um diálogo no mais alto nível, que incluiu uma conversa telefônica que tive ontem com o presidente Barack Obama, foi possível avançar na solução de alguns assuntos de interesse para ambas as nações. Acordamos o restabelecimento das relações diplomáticas", disse Castro diante das câmeras, vestido com uniforme militar. "Isso não quer dizer que o principal foi resolvido. O bloqueio econômico e financeiro que produz grandes prejuízos econômicos ao nosso país deve cessar", acrescentou Castro, que exortou o presidente Obama a usar seus poderes executivos para "remover os tentáculos que impedem ou restringem os vínculos entre nossos povos, famílias e os cidadãos entre ambos os países".

"Devemos aprender a arte de conviver de forma civilizada, com nossas diferenças", manifestou o mandatário cubano, enfatizando a vontade de seu Governo em dialogar com os Estados Unidos sobre temas em que diverge de Washington, como a democracia e o respeito aos direitos humanos. "Os progressos obtidos até agora demonstram que é possível alcançar uma solução para muitos problemas".

Durante seu rápido discurso, Raúl Castro se referiu à libertação por "razões humanitárias" do empreiteiro norte-americano Alan Gross, que chegou nesta quarta-feira pela manhã aos Estados Unidos depois de ter permanecido mais de cinco anos preso em Havana, condenado por delitos de espionagem. Do mesmo modo, anunciou a libertação de outros presos cubanos pelos quais Washington tinha mostrado interesse, sem mencionar maiores detalhes.

Castro se referiu também à libertação, por parte dos Estados Unidos, de três dos cinco cubanos pertencentes à Red Avispa que ainda permaneciam na prisão, logo depois de terem sido condenados, em dezembro de 2001, por delitos de espionagem. Os cinco membros da Red Avispa foram detidos em setembro de 1998 nos Estados Unidos, acusados de espionar instalações militares na Flórida para informar Havana de qualquer movimento de navios ou tropas. Em dezembro de 2001, cada um deles foi condenado a penas que variavam entre 15 anos de reclusão e prisão perpétua. Gerardo Hernández Nordelo, Antonio Guerrero Rodríguez e Ramón Labañino Salazar foram sentenciados à prisão perpétua -no caso de Hernández, a duas prisões perpétuas; Fernando González Llort, conhecido como Rubén Acampa, a 19 anos da prisão; René González, foi condenado a 15 anos e libertado três anos antes de cumprir a pena, em outubro de 2011.

O presidente cubano agradeceu de maneira especial a mediação do Vaticano e do Canadá para que fosse possível essa aproximação, que marca o início oficial do degelo das relações bilaterais.

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