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Venezuela encabeça lista dos mais corruptos da América Latina

Uruguai e Chile são os mais 'limpos', segundo o relatório da Transparência Internacional

Alejandra Torres
Nicolas Maduro criou o órgão anticorrupção em 2014.
Nicolas Maduro criou o órgão anticorrupção em 2014. EFE

A Venezuela lidera mais uma vez a lista dos países vistos como os mais corruptos da América Latina, segundo relatório da Transparência Internacional divulgado nesta quarta-feira. O país ficou com 19 pontos numa classificação que vai de 0 (altamente corrupto) a 100 (muito transparente). A Venezuela ocupa o 161º lugar entre os 175 países analisados. O país latino-americano seguinte no ranking é o Paraguai, na 150ª posição, com 24 pontos.

As restrições ao exercício da liberdade de expressão e de participação cidadã – nos meios de comunicação e organismos não governamentais – somam-se a uma cultura de tolerância maior da corrupção, diz Jesús Lizcano, presidente da Transparência Internacional Espanha. “Esses elementos limitam o controle social, num continente que ainda apresenta enormes assimetrias e disparidades.”

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Leia o relatório completo da Transparência Internacional (em inglês)
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Essas desigualdades se refletem, por exemplo, no fato de México e Chile, dois países com “boas leis de transparência”, terem resultados tão diferentes no Índice de Percepção da Corrupção, visto como referência no combate aos delitos econômicos. O México está na 103ª posição no ranking, e o Chile, na 21ª. Chile e Uruguai, empatados na lista, tiveram as melhores notas da América Latina.

“Não são apenas as leis, mas sua aplicação e a estrutura das instituições de cada país”, destaca Lizcano, acrescentando que existe na América Latina uma impressão geral de que o problema da corrupção não é enfrentado com firmeza. A Transparência Internacional não mede a percepção de corrupção política ligada aos partidos, mas a percepção da corrupção ligada às instituições públicas, por meio de uma dezena de estudos comparativos e pesquisas em cada um dos países. “Não o fazemos em Berlim”, esclarece o presidente da organização na Espanha.

Nos países de qualificação pior, a corrupção é encarada com “certa naturalidade” e está “impregnada” na sociedade de maneira sistêmica. Lizcano fala de uma metástase quando se encara como normal que qualquer funcionário – desde professores até juízes e policiais – peça dinheiro aos cidadãos para fazer seu trabalho. Os subornos são parte do dia a dia, ele diz.

Dos 31 países do continente americano analisados, 68% são reprovados em matéria de transparência, tendo recebido menos de 50 pontos. O Canadá lidera a lista, com 81, e o Haiti empata com a Venezuela, com 19. Ainda segundo o relatório, esses dois países foram vistos como os mais corruptos da América nos últimos nove anos.

Dos 31 países do continente americano analisados, 68% são reprovados em matéria de transparência

A lista dos reprovados continua com Cuba (46 pontos), Brasil (43), El Salvador (39), Peru (38), Colômbia e Panamá (37), Bolívia e México (35) e Argentina (34). Estão muito distantes dos países que lideram o índice: Dinamarca (92), Nova Zelândia (91) e Finlândia (89). A Espanha recebeu 60 pontos, e as piores qualificações de todas foram da Somália e da Coreia do Norte (8 pontos).

A Transparência Internacional observa “graves problemas” de corrupção e lavagem de dinheiro nos países conhecidos como os Brics, entre os quais o Brasil. “Este ano veio à tona que uma das principais empresas petrolíferas teria usado sociedades secretas para subornar políticos no Brasil.” Por regiões, a Europa ocidental registra uma média de 66 pontos, seguida pela América, com 45.

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