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Quase 75% dos suíços rejeitam fechar as portas aos novos imigrantes

Eleitores dizem não à iniciativa para reduzir a chegada de estrangeiros ao mínimo

Lucía Abellán
Cartaz na localidade suíça de Bad Ragaz relembra a votação deste domingo.
Cartaz na localidade suíça de Bad Ragaz relembra a votação deste domingo.GIAN EHRENZELLER (EFE)

Os suíços disseram não de forma contundente à iniciativa popular que pretendia reduzir a 0,2% da população a entrada anual de novos estrangeiros. Entre os que foram às urnas para se pronunciar sobre este e outros projetos, 74% recusaram a proposta, de acordo com os resultados definitivos. A rejeição, com uma margem acima da esperada, representa um alívio para o Governo, os empresários, os sindicatos e para os imigrantes –em sua grande maioria europeus— que tenham intenção de buscar trabalho na Suíça. A economia do país depende em grande parte dos estrangeiros para cobrir suas necessidades. Estes representam 23,5% da população.

Os criadores da proposta, um grupo ecologista denominado Ecopop, apresentava motivos de sustentabilidade ambiental para pedir uma cota de entradas, que teria imposto limite de menos de 17.000 trabalhadores novos por ano frente aos 88.000 que ingressaram no ano passado. Com o desemprego em 3% e um crescimento econômico de 2%, a Suíça não parece ter problemas de absorção de mão de obra, ainda que o aumento de ritmo de entradas e os problemas de infraestrutura provocados em alguns territórios tenham elevado o nível de preocupação da população.

Apenas 26% dos eleitores se manifestaram a favor deste referendo, frente a 39% apontados nas últimas pesquisas. A proposta da Ecopop incluía uma segunda parte que beirava a xenofobia. A organização pedia que a Suíça destinasse ao menos 10% de sua ajuda ao desenvolvimento para financiar projetos de controle de natalidade em países pobres. O motivo era que o desenvolvimento sustentável não é possível com um aumento contínuo da população.

Esta mensagem nas urnas acontece quase 10 meses depois de os suíços terem obrigado o Governo, por uma maioria apertada de 50,3%, a mudar as normas que regulamentam a imigração para voltar a estabelecer cotas de estrangeiros em vez da liberdade de circulação que rege agora com a União Europeia, principal sócio da Suíça com 120 acordos firmados.

O Conselho Federal suíço –equivalente ao Governo central— trata desde então de negociar com Bruxelas para dar resposta às demandas de seus cidadãos sem romper essa relação de benefício para ambos os blocos. Berna ainda não apresentou o projeto com o qual pretender encontrar solução para essa difícil questão, ainda que tenha se comprometido a fazê-lo antes do fim do ano. As autoridades suíças tinham recomendado rejeitar tanto a iniciativa de fevereiro como a de hoje.

Apesar da iniciativa contra a imigração, os suíços rejeitaram, com um percentual de 59% dos eleitores, outro projeto para eliminar o acordo fiscal privilegiado que este país alpino concede aos estrangeiros ricos que fixam residência no país para pagar menos impostos. Cerca de 6.000 pessoas poderão continuar com esse regime fiscal favorável.

Os eleitores votaram igualmente contra outra iniciativa para obrigar o banco central suíço a manter 20% de suas reservas em ouro, quantidade que representa o dobro da atual e que pretendia dar maior estabilidade ao setor financeiro, ainda que custe impor medidas rígidas. No total, 49% dos suíços com direito a voto compareceram às urnas neste domingo.

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