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Frente Nacional reelege Marine Le Pen com os olhos no Eliseu

A formação ultradireitista incorpora em seu corpo diretivo a terceira geração da família

Gabriela Cañas
Marine Le Pen recebe a felicitação de seu pai no Congresso de Lyon.
Marine Le Pen recebe a felicitação de seu pai no Congresso de Lyon.ROBERT PRATTA (REUTERS)

O 15° congresso da ultradireitista Frente Nacional consolidou a liderança da sua incontestável chefe Marine Le Pen. O primeiro grande encontro que se celebra desde que ela assumiu a liderança do partido em janeiro de 2011 é o ponto de partida para sua candidatura ao Palácio do Eliseu em 2017, para o qual todas as pesquisas lhe asseguram a vitória no primeiro turno. O resultado, na ausência de outros candidatos, foi 100% dos votos dos militantes para ela, a líder que levou a FN ao seu auge. "Fui clara na linha estratégica do partido", declarou, satisfeita, neste domingo pela manhã à BFM TV. "Este apoio irrestrito nos permite seguir em frente".

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Em um ambiente de euforia e de permanente crescimento da sua formação - a própria Le Pen brinca ao falar da "crise de crescimento" -, a FN renovou seus quadros, com uma vitória também acachapante, em parte do comitê político, de Marion Maréchal-Le Pen, de 24 anos, sobrinha da presidenta do partido e neta do seu fundador Jean-Marie Le Pen. A mais jovem da família emerge como uma das vice-presidentas do partido. Maréchal-Le Pen representa a ala mais direitista, mais próxima do seu avô do que da sua tia. É a terceira da família que se junta ao projeto.

Desde que Marine Le Pen, de 46 anos, substituiu em 2011 o seu pai Jean-Marie Le Pen à frente do partido, ela só conhece o sucesso graças as suas mensagens mais sociais, embora o nacionalismo, a saída da União Europeia e as críticas à imigração continuem sendo suas principais bandeiras. O crescimento da FN tem sido espetacular até chegar a ser o partido mais votado (24,95%) nas últimas eleições europeias de maio. Depois, conseguiu pela primeira vez colocar dois representantes no Senado, um feito histórico para o partido. Todas as pesquisas projetam resultados magníficos nos próximos pleitos parlamentares e regionais e o veem como vencedor das presidenciais de 2017 no primeiro turno.

Sete partidos de extrema direita participaram deste congresso. Foram particularmente importantes as presenças de dois dirigentes da Rússia Unida. As boas relações de Le Pen, contrária à política de sanções contra Moscou por causa da anexação da Crimeia da Ucrânia, com o Kremlim foram denunciadas esta semana pela imprensa francesa. A FN conseguiu um crédito de nove milhões de euros do First Czech-Russian Bank, com sede em Moscou. A direção da FN alegou necessitar desse dinheiro para formar suas candidaturas futuras e denunciou, por sua vez, que os bancos franceses não lhe fornecem empréstimos. Obter mais financiamento é crucial para a FN, que projeta o máximo de candidaturas possíveis em todo território nacional.

Os outros partidos de extrema direita que se reuniram em Lyon foram o FPÖ austríaco, a Liga Norte italiana, o VMRO búlgaro, o Vlaams Belang flamengo, a OK Strana checa e o PVV holandês, de Geert Wilders, que declarou em Lyon que Marine Le Pen será "a próxima presidenta da França", segundo a agência de notícias AFP.

Um assunto de família

O sucesso de Marion Maréchal-Le Pen é a demonstração de que a Frente Nacional (FN) é um assunto de família. Neta do fundador Jean-Marie Le Pen, presidente de honra, e sobrinha de Marine Le Pen, esta jovem ultraconservadora irrompeu no 15° congresso da FN com muita força. No sábado, sua candidatura para fazer parte do comitê político, o governo efetivo do partido formado por uma dezena de pessoas, foi a mais votada, com 80% dos votos, à frente de nomes fortes como Louis Aliot (marido de Marine Le Pen), Steeve Briois, prefeito de Hénin-Beaumont, ou Florian Philippot. "É uma mulher valente", disse Marine Le Pen sobre sua sobrinha. "É competente e tem uma qualidade superior: chama-se Le Pen".

Marion Maréchal-Le Pen foi há dois anos o símbolo do sucesso da FN, quando o partido obteve 17,9% dos votos nas eleições legislativas. Entrou na Assembleia Nacional como deputada por Vaucluse, no sudeste do país, região que, depois do norte, é o bastião da ultradireita. Tinha apenas 22 anos e é a mais jovem eleita para a câmara.

É mais conservadora que a sua tia no terreno social e algumas fontes asseguram que o seu avô, ainda com ciúmes do poder que sua filha conseguiu, prefere a neta. "Leva a política nos genes", disse sobre ela, orgulhoso, o fundador do partido. Marion Maréchal-Le Pen participou das manifestações contra o casamento homossexual, um gesto para o qual não conta com o apoio oficial da nova Frente Nacional, renovada depois que Marine Le Pen assumiu a liderança em 2011. No entanto, depois da reeleição de sua tia, mostrou-se satisfeita e já assegurou a união da formação em torno dela.

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