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Legistas confirmam que restos em Cerro Viejo não são dos 43 jovens

Peritos argentinos afirmam que estudantes não estavam nas primeiras fossas encontradas

Luis Pablo Beauregard
Dois homens observam o lixão de Cocula, no Estado de Guerrero.
Dois homens observam o lixão de Cocula, no Estado de Guerrero.H. Romero (REUTERS)

A Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), grupo de legistas contratado pelas famílias dos 43 jovens desaparecidos em Iguala, no Estado de Guerrero, no México, informou em um comunicado emitido na terça-feira que 23 dos 30 corpos encontrados na vala comum de Cerro Viejo em 6 de outubro não correspondem aos estudantes detidos pela polícia municipal em setembro. Essas conclusões coincidem com o que foi adiantado pela Procuradoria-Geral da República mexicana em outubro, quando descartou que os cadáveres descobertos fossem dos rapazes, apesar do que foi afirmado em um primeiro momento.

Os legistas indicaram que obtiveram os “resultados genéticos” do laboratório The Bode Technology Group, localizado no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos. “Nenhum desses testes mostrou probabilidades de parentesco biológico com os 43 estudantes”, indica o documento, que diz ainda que esperam “em breve” ter os resultados de outros seis corpos encontrados em Cerro Viejo.

Em mais de um mês de investigação, o EAAF interveio na exumação de dois dos 30 cadáveres recuperados em Cerro Viejo e na recuperação de um dos nove corpos encontrados pelas autoridades mexicanas em La Parota/Cerro de Lomas de Zapatero. O grupo foi “autorizado pela Procuradoria-Geral a trabalhar na autópsia de todos os cadáveres encontrados naquele local”, afirmam os peritos no documento.

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Os especialistas argentinos também participaram no levantamento dos restos humanos e diferentes evidências encontradas no lixão de Cocula e à beira do rio San Juan. Na última sexta-feira, o Procurador-Geral mexicano, Jesús Murillo Karam, anunciou o testemunho de três supostos criminosos detidos que admitiram ter ateado fogo aos 43 jovens no lixão.

O EAAF e as autoridades mexicanas concordam que até o momento não foi possível identificar nenhum dos estudantes a partir dos corpos encontrados nos três locais. “Continuamos atuando nos esforços para identificar os restos recuperados ao mesmo tempo que os peritos oficiais”, afirma o boletim divulgado pela Fundação para a Justiça e o Estado de Direito.

Segundo a Procuradoria-Geral, os restos descobertos em Cocula serão enviados para a Áustria nesta quarta-feira, onde serão analisados no Instituto de Medicina Legal da Universidade de Innsbruck. Ali, um grupo de especialistas liderado pelo médico Walther Parson submeterá os fragmentos de ossos a testes de DNA mitocondrial, comparando-os com amostras obtidas dos pais dos desaparecidos. Até que os resultados desses testes sejam anunciados, as autoridades mexicanas continuarão considerando os estudantes como desaparecidos.

Na noite de terça-feira, as autoridades emitiram um comunicado em resposta ao texto do EAAF. A Procuradoria afirma que tanto os peritos oficiais quanto os independentes “estão à espera dos resultados da identificação” dos restos encontrados em Cocula, que ainda não foram analisados em Innsbruck.

O EAAF começou a trabalhar no México em 5 de outubro “como peritos independentes das famílias” das vítimas e a pedido de ONGs respeitadas, como Tiachinollan e o Centro de Diretos Humanos Miguel Agustín Pro Juárez. Os especialistas argentinos têm acesso às provas obtidas pelos legistas oficiais da Procuradoria-Geral, mas emitem suas próprias opiniões.

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