Obama nomeia um ‘czar’ para a luta dos EUA contra o ebola
Ron Klein, ex-chefe de gabinete de dois vice-presidentes, é especialista no manejo de crises
Somente poucas horas depois de sugerir a possibilidade, a Casa Branca anunciou na manhã de sexta-feira a nomeação de uma pessoa para liderar a resposta ao ebola nos Estados Unidos. Quem ocupará o cargo denominado de czar (coordenador das tarefas governamentais na área) será Ron Klain, advogado e chefe de gabinete de dois ex-vice-presidentes, Al Gore e Joe Biden, e que aspirou ao mesmo cargo com Barack Obama, posto para o qual , por fim, foi designado Denis McDonough.
Na quinta-feira à noite, o presidente Barack Obama sugeriu pela primeira vez a possibilidade de tal nomeação para liderar a estratégia federal, pelo fato de o Governo ter também outras frentes importantes abertas, como a luta contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria. “Talvez seja necessário nomear uma pessoa a mais”, declarou Obama, “não por que esta equipe não tenha feito um trabalho excepcional, mas porque também é responsável por muitas outras coisas”, explicou o presidente. Obama cancelou esta semana por dois dias consecutivos viagens e atos de campanha de arrecadação de fundos para o Partido Democrata para permanecer na Casa Branca supervisionando a resposta do Governo à crise do ebola.
Embora não tenha experiência no âmbito sanitário, Klain, de 53 anos, é conhecido por ser um gestor especializado no manejo de crises, tais como a vivida no ano 2000 durante a apuração dos votos na Flórida, que no final deu a presidência a George W. Bush em detrimento de Al Gore. A rede HBO realizou um filme sobre aqueles dias, no qual o ator Kevin Spacey interpretou o papel de Klain.
"Suas credenciais são excelentes, supervisionou complexas operações no seio do governo federal, e mantém uma boa relação com os principais membros do Congresso, assim como com os integrantes do governo norte-americano, entre os quais o próprio presidente”, segundo informaram fontes da Casa Branca à Reuters.
Klain se reportará diretamente às duas mulheres que aconselham o presidente em termos de segurança nacional, Lisa Monaco e Susan Rice. “Ele se certificará de que estão sendo empreendidos os esforços necessários para proteger o povo americano, detectando, isolando e tratando os pacientes de ebola, ao mesmo tempo em que se dedicará intensamente a deter a doença em seus países de origem, na África”, escreveu a Casa Branca em um e-mail.
O Governo Obama sofreu críticas por sua resposta inicial à crise do ebola dentro dos EUA, no que se refere aos hospitais estarem ou não suficientemente preparados para atender a potenciais pacientes contagiados pelo vírus, que já causou mais de 4.000 mortes na África. Desde que faleceu na semana passada em Dallas (Texas) o liberiano contagiado com ebola em seu país, vários congressistas defenderam a proibição temporária dos voos com origem nos três países africanos afetados pelo vírus: Libéria, Guiné e Serra Leoa.
Citado pelo diário The Washington Post, o ex-embaixador de Obama na Romênia Mark Gitenstein declarou que Klain forjou uma forte relação com o presidente quando o ajudou na época em que ainda era senador por Illinois a preparar os debates presidenciais contra o candidato republicano, John McCain, em 2008. “Esses preparativos requerem dizer cara a cara que você não está fazendo bem alguma coisa”, explica Gitenstein.