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Exame do primeiro caso de suspeita de ebola no Brasil dá negativo

Testes feitos nesta sexta indicam que o homem de 47 anos não está com a doença Um novo exame será feito, afirma o Ministério da Saúde

Paciente com suspeita de ebola chega ao Rio.
Paciente com suspeita de ebola chega ao Rio.REUTERS

Os resultados do teste do homem da Guiné, de 47 anos, que chegou ao Paraná no último dia 19 de setembro e é considerado o primeiro caso suspeito de ebola do Brasil deram negativo. A informação foi divulgada na manhã deste sábado pelo Ministério da Saúde. Neste domingo será colhida uma nova amostra de sangue que passará por um novo teste, para que se confirme o resultado.

O homem chegou na tarde de quinta-feira à Unidade de Pronto Atendimento Brasília na cidade de Cascavel, município ao sul do país com 310.000 habitantes, que fica a 143 quilômetros de Ciudad del Este, no Paraguai. Ele saiu da Guiné no dia 18 e fez uma escala em Marrocos antes de chegar ao país pelo aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. O ministério não deixou claro como ele chegou ao Paraná. Segundo o governo, o paciente é solteiro e viajou sozinho para o Brasil.

Aos médicos, ele afirmou ter tido tosse, dor de garganta e febre desde a quarta-feira (8), mas não apresentava hemorragia, vômitos ou outros sintomas. Quando chegou à unidade de saúde de Cascavel ele já não tinha mais febre e seu estado era considerado bom - e assim se mantém.

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O ministro da Saúde, Arthur Chioro, havia dito em uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira que não era possível apontar o real risco de o homem estar, de fato, com a doença. Mas ele foi considerado suspeito e colocado em isolamento por ter apresentado os sintomas um dia antes de sair do prazo limite de incubação do vírus, que é de 21 dias. “Se ele tivesse apresentado os sintomas um dia depois não seria suspeito”, explicou Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde.

O ministro ressaltou que a possibilidade de contágio do ebola é baixa. “O ebola não é transmitido por ar, água e alimentos. Apenas por contato direto, por fluidos corporais. Além disso, durante o período de incubação não há transmissão. Quem viajou ou entrou em contato com ele antes do dia 8, quando ele começa a apresentar os sintomas, não corre risco de contrair a doença”, disse. “Todos os procedimentos de segurança foram adotados e a situação está sob controle”, afirmou.

O ministério afirmou ainda que 64 pessoas tiveram contato com o paciente, sendo quatro na casa onde ele mora e 60 no hospital. Com três deles, o contato foi mais direto. Todos foram considerados de baixo risco, por não terem apresentado sintomas, e, por isso, não foram isolados. Eles serão monitorados diariamente por uma equipe de saúde.

O suspeito foi transferido na manhã de sexta-feira para o Rio de Janeiro de avião e levado para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, a referência nacional para os casos de ebola no país. Amostras de sangue foram coletadas para confirmar a existência ou não da doença e enviadas para um laboratório no Pará. Mesmo com o primeiro resultado negativo, um novo teste deve ser feito, para a confirmação final, de acordo com as normas internacionais.

O nome do paciente não foi informado pelo ministério por questões éticas. Mas, após a divulgação da identidade dele, obtida pela imprensa local, o suposto perfil do homem no Facebook começou a receber mensagens agressivas. Uma mulher pedia, em inglês, para que ele voltasse para casa. Um outro homem o acusou de ter trazido o ebola para o Brasil.

A crise no mundo

Segundo o último boletim da Organização Mundial de Saúde, até o último dia 5 o número total de casos confirmados, prováveis e suspeitos da doença chegou a 8.033, com 3.865 mortes. Os países que entraram nesta conta são Guiné, Libéria, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Estados Unidos, onde o liberiano Thomas Eric Duncan morreu na última quarta-feira, após ficar em isolamento desde 28 de setembro.

Mas há também um caso na Espanha, onde a enfermeira Teresa Romero, de 44 anos, está internada desde o dia 6 de outubro após se infectar no hospital em que trabalha, o Carlos III, que atendeu dois missionários espanhóis repatriados de Serra Leoa e da Libéria, contagiados pelo vírus. Outras seis pessoas também estão internadas no hospital, por terem tido contato com ela.

O vírus do ebola surgiu em 1976 com duas epidemias simultâneas, uma no Sudão e outra na República Democrática do Congo, em uma vila próxima ao rio Ebola, por isso recebeu esse nome. A média de fatalidade da doença é de 50%, mas já atingiu 90% em alguns surtos.

A epidemia atual, que começou em março deste ano, é a maior e mais complexa já existente, de acordo com a OMS. Ela começou a se espalhar pelas fronteiras de Serra Leoa e Libéria, países que têm um sistema de saúde bastante fraco. A disseminação também foi maior porque o vírus chegou a grandes centros urbanos – antes, permanecia mais em zonas rurais e isoladas. Em agosto, a organização declarou que o ebola se tornara uma emergência internacional de saúde.

A Fiocruz afirma que o Brasil está preparado para receber casos de ebola, porque tem um sistema de Vigilância Epidemiológica bem preparado, ao contrário da África.

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