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Presidente iraniano acusa o Ocidente pela expansão do Estado Islâmico

Rohani: “Certos países ajudaram a criar o extremismo e agora são incapazes de freá-lo”

Presidente iraniano acusa o Ocidente pela expansão do Estado Islâmico (vídeo com legendas em espanhol)Foto: reuters_live | Vídeo: REUTERS LIVE!
Marc Bassets

O presidente do Irã, Hassan Rohani, acusou na quinta-feira os Estados Unidos e seus aliados de criarem as condições para o crescimento do Estado Islâmico e outros grupos extremistas no Oriente Médio. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Rohani disse que um acordo com as potências ocidentais sobre o programa nuclear iraniano, nas próximas semanas, facilitaria a cooperação em questões como a luta contra o terrorismo.

“As intervenções estratégicas do Ocidente no Oriente Médio, Ásia Central e no Cáucaso transformaram estas regiões do mundo em um santuário para terroristas extremistas”, disse Rohani, um moderado que retomou o diálogo com os Estados Unidos após mais de três décadas sem relações diplomáticas.

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O presidente iraniano citou a ingerência na Síria como exemplo de erro estratégico. O Irã, a potência xiita da região, apoiou o governo do alauíta Bashar al-Assad na guerra civil que estourou há mais de três anos. As potências sunitas respaldaram a oposição, composta por algumas forças moderadas mas também por grupos ligadas a Al Qaeda e o Estado Islâmico.

“Algumas agências de espionagem colocaram facas nas mãos de loucos, que agora não deixam ninguém incólume”, acusou Rohani.

Apesar do tom acusatório, o discurso foi em parte semelhante com o que, no dia anterior – o primeiro dia de falas de chefes de Estado e de Governo na Assembleia Geral – pronunciou Barack Obama, o presidente dos EUA. Ambos identificaram o crescimento jihadista no Oriente Médio como uma ameaça central, destacaram o papel que as forças moderadas locais devem ter e pediram a unidade mundial contra os terroristas. Mas, enquanto Obama reivindicou a liderança norte-americana, Rohani disse que devem ser as elites e políticos locais a assumir a responsabilidade, sem excluir a cooperação estrangeira.

Nem o Irã nem o governo de al-Assad participam oficialmente da ofensiva dos EUA e seus aliados árabes na Síria. Mas a confluência de interesses é evidente: o Estado Islâmico é o inimigo comum. A Administração Obama informou Damasco e Teerã antes de lançar os primeiros ataques, mas não os coordenou com estes governos nem coordenou com eles os detalhes, segundo fontes da Casa Branca.

As negociações sobre o programa nuclear iraniano podem ser a chave que abra o bloqueio entre Washington e Teerã. O prazo para conseguir um acordo é novembro. Um ano atrás, Obama e Rohani conversaram por telefone durante a Assembleia Geral da ONU. Não existe outro encontro nem conversa previstos na agenda da semana. Os indícios de aproximação entre Washington e Teerã provocaram receios em Israel – país que considera sua existência ameaçada pelo Irã – e nos aliados árabes dos EUA.

“Estamos decididos a continuar as negociações com nossos interlocutores com seriedade e boa-fé, de acordo com o respeito mútuo e a confiança”, disse o presidente iraniano.

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