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Os extremistas ganham terreno na Síria

O Estado Islâmico controla o nordeste do país e tem cerca de 50.000 combatentes

Natalia Sancha
O avanço jihadista redesenha o tabuleiro estratégico do Oriente Médio.
O avanço jihadista redesenha o tabuleiro estratégico do Oriente Médio.AP

O Estado Islâmico (EI) avança na Síria, enquanto o presidente Obama modera seu discurso sobre possíveis ataques aéreos contra posições do EI no país. O regime sírio mostrou-se receptivo a uma colaboração aérea contra as tropas do EI, desde que sejam coordenadas.

Especialistas estimam em 50.000 os jihadistas que combatem sob a bandeira negra do Estado Islâmico. Destes, 20.000 seriam estrangeiros. Em junho passado, o EI anunciou a criação de um califado que se estende por território sírio e iraquiano. Na Síria, os jihadistas optaram por uma estratégia de reagrupamento, desafiando a fragmentada oposição rebelde e unificando as posições do EI até conquistar todo o nordeste do país, onde ficam as províncias de Raqa e Deir Zor.

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Em seu avanço, conseguiram expulsar outras facções rebeldes como o Exército Livre Sírio e grupos islâmicos antes aliados, como a Frente al Nusra ou Frente Islâmica. O norte do país está praticamente sob o domínio dos jihadistas. No domingo passado, após cinco dias de combates intensos, conseguiram tomar a base aérea de Tabqa em Raqa, o último local controlado pelo Exército do regime sírio na província. Um vídeo publicado na Internet pelos jihadistas mostrava a execução sumária de 250 soldados sírios após a captura da base. Na província de Deir Zor, as tropas sírias mantêm apenas duas posições sob seu controle, em direção às quais se dirige o exército jihadista.

Depois de consolidar o controle no nordeste do país, o EI avança para Aleppo, onde enfrenta militantes islâmicos adversários tomando as cidades de Akhtarin e Maree a apenas 30 quilômetros ao norte da segunda metrópole da Síria, a primeira grande cidade na mira dos combatentes do Estado Islâmico.

Diante de uma oposição fragmentada e um rápido progresso em campo, até 6 000 combatentes islâmicos sírios teriam abandonado o lado rebelde para se juntar às fileiras do EI. Um efeito mais perceptível até mesmo na região de Calamun – na fronteira com o Líbano – , onde o EI tinha apenas cerca de 70 seguidores há cinco meses e agora tem 5000, segundo especialistas.

O EI amplia suas frentes em escala regional, incluindo o Líbano no seu mapa. Ontem, o soldado libanês Ali al Sayyed, capturado junto com outros 29 companheiros na fronteira com a Síria, foi decapitado por grupos jihadistas ligados ao EI. A imprensa libanesa informava um ataque iminente de milhares de combatentes jihadistas em território libanês como represália à participação da milícia xiita libanesa Hezbollah em apoio ao regime de Bashar al Assad. O comandante das Forças Armadas libanesas afirmou que suas tropas estavam preparadas para um possível ataque.

Tanto no Líbano como no Iraque e na Síria, o Estado Islâmico tenta encontrar aliados aproveitando as lutas internas de cada país. No Iraque, conseguiu o apoio das tribos sunitas do norte, inimigas do governo xiita do primeiro-ministro Al Maliki, deposto. Na Síria, tenta sangrar as fileiras dos rebeldes islâmicos cansados de 41 meses de luta sem maiores avanços. Também buscou o apoio das tribos sunitas do norte da Síria ressentidas depois serem abandonadas pelos planos econômicos do governo de Damasco. Depois de uma aliança temporária, os Ashaitat, uma das maiores tribos do norte da Síria, tomaram armas contra o EI. No Líbano, pretende encontrar apoio entre os salafistas sunitas, inimigos da milícia xiita Hezbollah, aliada do regime sírio que controla a fronteira leste. Conforme avançam os jihadistas, o flanco rebelde se enfraquece. As tropas sírias se preparam para um primeiro confronto de magnitude contra o EI enquanto bombardeia suas posições no norte.

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