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Israelenses e palestinos concordam em prorrogar a trégua em Gaza

O lançamento de foguetes a partir da Faixa pôs em risco a negociação Cinco pessoas morreram em Gaza, incluindo jornalistas, na explosão de um míssil israelense

Edifícios destruídos por bombardeios em Gaza.
Edifícios destruídos por bombardeios em Gaza.EFE

As delegações de Israel e da Palestina chegaram a um acordo na noite de quarta-feira para prorrogar a trégua em Gaza. A duração do novo cessar-fogo será de cinco dias, como foi confirmado pelo presidente da representação palestina. A trégua anterior, de 72 horas, expirava à 0h de quinta-feira, hora local (18h em Brasília). Pouco antes, o lançamento de vários foguetes contra Israel a partir da Faixa de Gaza ameaçou o sucesso das negociações que estavam sendo realizadas no Cairo.

A polícia israelense afirmou que os foguetes atingiram o sul de Israel, informa a Reuters. Após a denúncia de Israel, um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri negou à Reuters que foguetes tivessem sido disparados de Gaza contra Israel. O fim do cessar-fogo foi precedido por uma aceleração nas negociações no Cairo para acabar com a Operação Limite Protetor e restabelecer a calma nos dois lados da fronteira de Gaza. Foram concluídas as negociações indiretas a fim de pactuar uma solução para a ofensiva, que já matou cerca de 2.000 palestinos e 67 israelenses.

O Egito apresentou um documento com propostas concretas que inclui, essencialmente, diminuir o bloqueio imposto a Gaza há sete anos com algumas outras medidas urgentes e outras progressivas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos: a abertura das passagens fronteiriças, mais licenças e ampliação da zona delimitada de pesca, entre outras. Como ponto essencial para atrair Israel, a proposta egípcia sugere que o interlocutor do lado de Gaza seja sempre o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas; não o Hamas, não os radicais islâmicos.

Os problemas para se chegar a um acordo, insistem fontes egípcias, não estavam no conteúdo, mas na redação. De fato, vários porta-vozes do Hamas trocaram o discurso “ou se põe fim ao cerco completa e imediatamente, ou nada”, por “queremos um progresso substancial na situação de Gaza”.

Após a última reunião, realizada na sede da inteligência egípcia – que atuava como mediadora diante da recusa de ambas as partes em se encontrar frente a frente –, a delegação palestina voltou ao hotel onde estava hospedada. Seus membros, circunspectos, não quiseram dar nenhuma declaração à imprensa e se dirigiram a seus quartos para consultar a resposta definitiva à oferta. O mesmo aconteceu com a delegação israelense, que partiu imediatamente para Tel Aviv.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, precisa submeter o documento à votação de seus ministros. Ele admite estar “preocupado”, dizem seus assessores, porque os ministros de ultradireita já ameaçaram rejeitar qualquer “acordo com terroristas”, como os classifica o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.

Israel tem dúvidas sobre quem iria controlar as passagens fronteiriças e que material deixaria passar. Seus negociadores afirmam que, nas reuniões, “mal se falou” da desmilitarização do Hamas e da Jihad Islâmica. Por isso, paralelamente à dança política, enquanto os foguetes voltavam a ser disparados de Gaza, Israel mobilizou tropas na fronteira e cogitou chamar mais reservistas. “Estamos preparados para tudo”, garantem os comandantes do Exército.

Apesar da ausência de bombardeios, houve mais cinco mortes ontem em Gaza: três policiais da equipe antibombas e dois jornalistas que morreram na explosão de um míssil israelense caído dias atrás em uma casa em Beit Lahia (norte). Os policiais estavam tentando desativar o artefato quando ele explodiu.

Morreram instantaneamente o cinegrafista italiano Simone Camilli, da agência norte-americano Associated Press, e seu tradutor, Ali Shehda Abu Afash. Outro fotógrafo da mesma agência e cinco civis palestinos ficaram gravemente feridos. Camilli é o primeiro jornalista internacional a morrer nesta ofensiva, que tirou a vida de 13 profissionais da imprensa, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas árabes.

Além disso, uma menina morreu ontem em sua casa, no Sinai egípcio, e dois de seus irmãos ficaram feridos por causa do impacto de um foguete, segundo informa a Reuters. O incidente aconteceu em uma aldeia perto da fronteira com Gaza.

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