_
_
_
_
_

Em primeira mão direto de Gaza

Colaboradores de várias ONG internacionais contam em primeira pessoa o que acontece em Gaza

Um palestino leva seu filho nos ombros em Gaza.
Um palestino leva seu filho nos ombros em Gaza.MOHAMMED SALEM (REUTERS)

O trabalho de um médico de emergência em um hospital, as brincadeiras das crianças evacuadas, o Ramadã que já não pode ser celebrado pelos bombardeios, o estrago das ruas pela guerra. Colaboradores de várias organizações internacionais contam em primeira pessoa o que está acontecendo em Gaza. Estes são seus relatos:

“As pessoas dizem que vai ficar tudo bem; mas sabem que não têm essa certeza”

É Ramadã, e Arwa Mhanna deveria estar celebrando com sua família. Mas em vez de romper o jejum a cada noite em um ambiente festivo, o faz debaixo de bombas e sons de ambulância. Essa colaboradora de Oxfam conta que as explosões da noite são as piores, as que dão mais medo, sobretudo se a pegam dormindo, porque o susto é ainda maior. Durante o dia tenta trabalhar dividindo sua ajuda, mas nem sempre é possível. Sua esperança é uma Gaza em paz: “Minha sobrinha e outras crianças devem ter o futuro que merecem”.

Uma noite no hospital de Al-Shifa

Uma médica atende uma criança no hospital de Al-Shifa.
Uma médica atende uma criança no hospital de Al-Shifa.Samantha Maurin (MSF)

Após toda uma jornada no hospital atendendo feridos, os colaboradores dos Médicos sem Fronteiras se reúnem para falar de como foi a noite. Uma mãe presa entre uns escombros que não conseguiu sobreviver, uma criança de 10 anos com síndrome do esmagamento, uma mulher de 20 anos com uma bala para extrair, casos de neurocirurgia… Foi uma jornada muito intensa, segundo o relato de Samantha Maurin.

“Aqui eu me sinto seguro”

Samantha Maurin, jornalista da organização Médicos sem Fronteiras descreve a situação que encontrou no hospital de Al-Shifa e na clínica de MSF, onde muitas famílias estão se refugiando porque perderam suas casas e não querem esconder-se nas escolas da UNRWA por medo de novos bombardeios.

Onde a evacuação não é um jogo

Vídeo com legendas em espanhol.

Quando as crianças vivem em uma guerra brincam de guerra. Em Gaza, alguns deles riem enquanto colocam objetos em mochilas simulando uma evacuação. Osama Damo, da Save the Children vê isto com o coração encolhido. “Estas crianças não deveriam conhecer o terror de uma evacuação, embora já seja o terceiro conflito militar que vivem”, escreve de madrugada em seu andar, onde os bombardeios fazem com que dormir seja impossível.

A cada minuto entre a vida e a morte

Sandra Wicki, da Cruz Vermelha, relata as dificuldades que o pessoal das ONGs enfrenta todos os dias em Gaza: “Embora recebam muitos telefonemas pedindo ajuda médica, não podem chegar a todos os lugares por falta de acesso, devido às contínuas hostilidades. Os voluntários e as equipes das ambulâncias arriscam sua vida para ajudar às vítimas e com tristeza tenho que ver que o emblema da Meia Lua Vermelha, que a cada voluntário e pessoal envolvido nas operações de resgate leva, não lhes protege”.

A vida não é isto: Gaza aqui e agora

Gaza em 12 de setembro de 2012.
Gaza em 12 de setembro de 2012.Paolo Pellegrin (Save the Children)

“Na rua na qual vivi durante quatro anos desapareceu uma família inteira. Vi fotos dos bairros de Al Shajaiya e Khuzaa gravemente danificados. Não há crianças brincando nas ruas neste fim de Ramadã, os que ficam vivos estão aterrorizados. Casas, hospitais e colégios estão sendo atacados”, explica Karl Schembri, colaborador da ONG Save the Children.

“Durante a última guerra costumava escrever. Agora estou sem palavras”

O menor dos filhos de Asma Shalayel tem cinco anos. No conflito que a faixa de Gaza sofreu em 2009 ela estava grávida dele. Desde que nasceu tem problemas para comunicar-se; segundo os médicos, devido aos bombardeios da época. Agora, neste novo conflito, parece melhorar. “Pode uma guerra sanar as feridas causadas pela anterior?”, pergunta-se Asma.

“Faltam medicamentos básicos em urgências”

No hospital Nasser de Gaza, sobretudo no serviço de urgências, atendem cerca de 75 pessoas por dia. Hosam Abu Elwan, de Médicos do Mundo, trabalha ali e narra como é seu dia em primeira mão. "A metade dos feridos precisa de serviços especializados, mas o hospital está saturado de pacientes e vítimas", relata. Para tentar melhorar esta situação, o médico pede a intervenção de comunidade internacional com urgência.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_