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Charlize Theron: “Espero ter acertado com Sean Penn”

Ela confessa ser tosca na comédia e uma covarde Desde que adotou um filho, seu mundo e sua carreira mudaram

Toni García

Charlize Theron (1975, Benoni, África do Sul) reconhece que desde que adotou seu único filho, Jackson, em 2012, sua vida mudou, e que com Sean Penn, seu namorado há alguns meses, encontrou “a felicidade”. A atriz nos recebeu em Londres para promover a comédia “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”, de Seth MacFarlane, um de seus melhores amigos em Hollywood.

Estava bem simples: calça jeans escura e blusa branca, maquiagem leve e uma tatuagem recente “em homenagem ao meu filho, Jackson”. Já se passou muito tempo desde que renunciou ao balé por causa de uma lesão e desde que foi descoberta por um caça talentos em Hollywood Boulevard: duas décadas depois, tem um Oscar e um Globo de Ouro por Monster: Desejo Assassino (2003) e encabeça megaproduções como Prometheus (2012).

Pergunta.Como você se dá com a comédia?

Resposta. Bem. Eu gosto porque é um gênero em que não há limitações, especialmente com Seth MacFarlane. Não tenho muitos dotes para o humor, isso sim. Sou bem estúpida neste aspecto.

P. Estúpida?

R. Sim, tosca. Quero dizer que não tenho nem ideia de como fazer os outros rirem, nem sequer sei contar uma piada. Alguns atores, e o próprio Seth, têm esse dom. Não é o meu caso.

P. Parece algo dramático…

R. (Risos) Já sabe o que dizem: “A grande comédia vem das grandes tragédias”. Suponho que por isso funciono relativamente bem no gênero.

P. O filme se passa no velho oeste selvagem. De que parte do século XXI sentiria falta se tivesse que viver naquela época?

R.Tenho a resposta muito clara: a medicina moderna. Sou uma covarde, não permito que nenhum médico ponha as mãos em mim sem me anestesiar antes. Inclusive, quando fazem limpeza nos meus dentes, é preciso usar gás para me deixar tonta.

P. Você não parece uma mulher frágil, mas é o contrário.

R. Oi? Por isso sou atriz, porque sou boa em fingir. Faz sentido, não?

P. Perdoe-me por dizer, mas às vezes parece que você tem um plano preconcebido para a sua carreira, e que ele está dando certo de primeira.

R. Não penso dessa forma. Não vou escolhendo uma coisa ou outra como se tivesse um plano. Isso me faria parecer uma imbecil. Gosto de não saber o que há depois da próxima esquina, de que haja margem para a improvisação.

P. Você adotou um filho, como se dão?

R. Muito bem. Olho para ele e me dá vontade de ter muitos mais. É maravilhoso.

P. Ele te acompanha nas gravações?

É gratificante que me pergunte por Mandela. Sempre me dizem: ‘Conte-me o que está usando”

R.Cuido para que ele esteja sempre comigo. É verdade que às vezes é complicado, mas essa é a ideia. Na última (gravação) ele não foi porque durou apenas 15 dias, vivíamos em um cassino e não vi nenhuma vantagem para ele.

P. Os paparazzi te incomodam?

R. Não são um problema que me tire o sono. Meu filho está neste momento no parque aqui ao lado. Ninguém o reconhece.

P. Não o reconhecem porque está sozinho, mas se você estivesse…

R. Sim, mas não dou muita margem para isso. É verdade que às vezes em Los Angeles incomodam um pouco, mas não é o costume. Muitas vezes vamos a parques e podemos ficar tranquilos. Além disso, o melhor das gravações é que lá não há nenhum paparazzi, por isso relaxo muito quando Jackson está, sabendo que ninguém vai nos perturbar.

P. Você acredita que ter um filho vai mudar suas prioridades e, de certo modo, sua carreira?

R. Com certeza. Ele vai ser minha prioridade e estou animada para que esse momento chegue. Para que serve ter filhos se não puder ficar com eles depois?

P. Seu filho já assiste a seus filmes?

R. Meu filho não verá nada do que já fiz até que tenha 58 anos, assim não preocupo com nada. Não tem problema, tudo bem (risos).

P. Li que você terminou exausta as filmagens do novo Mad Max (2015).

R. Leu bem. A simples logística da gravação foi terrível… Depois cheguei à conclusão de que o isolamento foi o pior. Havia anos que não filmava tão longe de casa. Além disso, estávamos em um povoado na África do Sul. O aeroporto era pequeno e ficava muitos dias fechado, não tinha linhas regulares, a maioria dos voos eram particulares. E meu filho ainda era muito pequeno. A verdade é que acredito que é possível resistir a qualquer gravação durante três ou quatro meses, mas aquela foi dificílima… Claro que quem está te dizendo isso é alguém que precisa de anestesia para fazer limpeza nos dentes.

P. Falando de experiências difíceis, vai filmar com Sean Penn como diretor em agosto.

R. (Sorriso) Sim, começamos a rodar no dia 11.

P. Como acha que vai ser?

R. Não tenho nem ideia, não sou clarividente. Espero que bom.

P. Sean se dá bem com seu filho?

R. Não. É péssimo com ele, um autêntico desastre. Mas que tipo de pergunta é essa? (Risos).

P. Caberia a possibilidade de que se dessem mal.

R. Claro, mas é que eu não busco nenhum canguru. Eu queria alguém que pudesse ser meu par.

P. Mas suponho que levou em conta esse fator.

R.Claro que pensei nele. Quando se é mãe se vê tudo de 30.000 pés de altura e pensei muitíssimo nisso antes de tomar uma decisão. Só queria alguém que pudesse melhorar minha vida de verdade, alguém que trouxesse felicidade. O tempo dirá, mas espero ter acertado.

P. Deixe-me mudar de assunto. Como sul-africana, que sensações viveu com a morte de Nelson Mandela?

R. Minha mãe! É séria essa pergunta? Não sabe o quão revigorante é que alguém me pergunte algo assim. A pergunta que me fazem com mais frequência é “Conte-me sobre o que está usando. Quem desenhou?”. Respondendo: Mandela demonstrou que sempre há espaço para melhorar. Falar, não apenas criticar. Fez algo ao alcance de muito poucos políticos: pegar um país dividido e obrigá-lo a escutar.

P. Conte-me sobre o que está usando. Quem desenhou?

R. (Mostra o dedo do meio com a mão direita) Isso é o que estou usando. E me cai muito bem (risos).

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