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Bruxelas dá um ultimato para que a Rússia se comprometa com a paz

Bruxelas ameaça aplicar mais sanções a partir de segunda-feira

Lucía Abellán
Vladimir Putin, em ato oficial nesta sexta.
Vladimir Putin, em ato oficial nesta sexta.ALEXEI NIKOLSKY (AFP)

A União Europeia está pronta para aplicar mais sanções se a Rússia não se comprometer com a paz na Ucrânia. E vai aprová-las a menos que Moscou dê passos claros nos próximos dias. Os líderes europeus aprovaram sexta-feira um ultimato ao presidente russo, Vladimir Putin, para que diminua a tensão. O prazo concedido é muito curto: 30 de junho. A partir desse momento, Bruxelas está disposta a aumentar a punição ao governo russo.

Após várias semanas de discrição nessa ameaça em reação à intervenção russa no conflito ucraniano, os chefes de Estado e de Governo decidiram subir o tom nas conclusões da cúpula da União Europeia que termina hoje em Bruxelas. Os líderes da UE impõem quatro condições a Putin: a aceitação de um mecanismo de verificação, supervisionado pela OCDE – a organização que vela pela segurança na Europa – do cessar-fogo e do controle efetivo das fronteiras, a devolução às autoridades ucranianas de três postos de controle no leste do país tomados de Kiev pelas tropas rebeldes, a libertação de todos os reféns e uma negociação real sobre o plano de cessar-fogo proposto pelo presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

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Após esse breve período, o Conselho Europeu – que reúne os Estados-Membros –, avaliará a situação e "tomará as decisões necessárias, se for preciso", diz o comunicado, acrescentando "o compromisso de acordar, a qualquer momento, mais medidas restritivas de peso". O texto deixa claro que essas sanções podem ser tomadas "sem demora".

O endurecimento da posição europeia coincide com a chegada de alguns sinais de distensão por parte de Moscou. Putin anunciou esta semana que retirava a permissão dada à Câmara alta da Rússia para enviar tropas à Ucrânia. E, hoje mesmo, já começou a negociar com os pró-russos do Leste o plano apresentado por Poroshenko. A iniciativa da UE aumenta a pressão sobre esse processo.

O movimento europeu vem poucos dias depois de os Estados Unidos anunciarem medidas adicionais que podem causar prejuízos econômicos a setores estratégicos da Rússia. Recentemente, o presidente norteamericano, Barack Obama, alertou para essa possibilidade e, na quarta-feira, a agência Bloomberg informou que o Governo já preparou punições concretas, que podem incluir os setores tecnológico e energético.

Até agora, Bruxelas só aplicou sanções específicas contra 61 pessoas, em sua maioria do médio escalão do Governo russo e das autoproclamadas novas autoridades da Crimeia, território anexado pela Rússia. As sanções consistem em impedir a entrada dessas pessoas na UE e congelar os bens que porventura possuírem em território europeu. Em maio, a Europa sancionou pela primeira vez duas empresas da Crimeia por causa de seu papel na desestabilização da região. Apesar da maior contundência das conclusões desta sexta-feira, a União Europeia tem pouco apetite para passar à chamada fase três, que implica em uma punição econômica de maior alcance à Rússia. Esse novo cenário também prejudicaria as economias europeias e fecharia os canais diplomáticos, hipóteses que desagradam Bruxelas.

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